Discursos e Intervenções

Discurso proferido pelo Comandante-em-chefe Fidel Castro Ruz no ato de massas em Comemoração ao 11º aniversário do 26 de julho, efetuado na Cidade Esportiva de Santiago de Cuba, em 26 de julho de 1964

Data: 

26/07/1964

 

Distintos convidados;

Familiares aqui presentes dos companheiros que morreram no assalto ao Quartel Moncada e na luta pelo triunfo da Revolução;

Operários;

Camponeses;

Orientais;

Cubanos:

Nunca a cidade de Santiago de Cuba, nunca esta indomável província tinha conseguido reunir uma multidão tão enorme como esta.

Quando na manhã de 26 de julho nós avançávamos rumo ao Quartel Moncada pensávamos em outras coisas, pensávamos nos combates que teríamos por diante, na luta, nas tarefas a realizar quando a Revolução triunfasse. O que não pensávamos era que, 11 anos depois daquela manhã, uma multidão como esta viria a reunir-se para comemorar aquela data (APLAUSOS). Os homens, quando vão à luta, quando vão ao sacrifício, não pensam nas comemorações; os homens quando vão à luta, em geral, não pensam em que chegará o dia em que terão a chance de ver o instante em que o povo se reúna para celebrar seus triunfos.

Mas as comemorações são o resultado da luta, as comemorações são o resultado do esforço e da batalha do povo por seu destino, as comemorações são um resultado. E de todas as formas, para nós, para todos os homens que têm lutado e que têm contribuído para essas vitórias, para os dirigentes da Revolução, é um motivo de satisfação muito funda contemplar um espetáculo como este, porque isto significa, isto quer dizer — e isto não pode ser preparado, isto não pode ser inventado, isto não pode ser produto da fantasia (APLAUSOS); e, se não nos enganamos, são homens de carne e osso, homens e mulheres de carne e osso as centenas de milhares de cidadãos que se reúnem aqui na tarde de hoje (APLAUSOS) — e isso quer dizer que o povo vem dar seu apoio, seu reconhecimento e sua força a este processo, a esta história que começou a ser escrita, nesta mesma cidade de Santiago de Cuba, naquela manhã de 26 de julho (APLAUSOS).

Mas esse apoio não é o resultado simplesmente da admiração do povo, não é simplesmente o reconhecimento justíssimo àqueles que deram sua vida pela causa de seu povo; é o resultado dessa luta toda, são os frutos desse sacrifício.

Alguém — segundo soube, um jornalista daqueles que nos visitam —  conversou com um companheiro e lhe disse que tinha interesse de analisar este problema, que lhe interessava saber ou conhecer quais eram as causas “dessa atração do senhor Castro ou o que é que as multidões sentiam pelo senhor Castro” (EXCLAMAÇÕES). Realmente vocês sabem perfeitamente bem que nós seríamos incapazes de imaginar-nos que este fenômeno seja devido a uma questão de atração pessoal por parte de ninguém (APLAUSOS). E a resposta, a única resposta dessa atração, que não é do senhor Castro, mas é da Revolução (APLAUSOS), é preciso buscá-la na história das leis que a Revolução tem feito (APLAUSOS), porque se querem achar a resposta, a resposta não está em ninguém, nem no caráter de ninguém, não! A resposta está na obra da Revolução (APLAUSOS). Porque não se trata de um povo de fanáticos (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”), mas sim de um povo de homens e mulheres que pensam (EXCLAMAÇÕES DE: “Sim!”) e que sentem (EXCLAMAÇÕES DE: “Sim!”), homens e mulheres nos quais pensamento e sentimento é uma única coisa.

Este não é um povo habituado a render culto nem a render honras a ninguém.  Era, pelo contrário, um povo que tinha sido enganado tantas vezes que, praticamente, não acreditava em ninguém (APLAUSOS). E o difícil era, precisamente, que o povo tivesse fé em algo; o difícil era que o povo acreditasse. E na manhã de 26 de julho, quando esta história entrou em sua fase mais dramática, nós éramos desconhecidos para o povo.

Tem sido o resultado desta luta da que nós participamos, têm sido os fatos os que têm feito acordar a fé do povo. Não foram as palavras, não foram as personalidades. Foram os fatos! (APLAUSOS.) E nos fatos, e é nos fatos onde será preciso procurar a explicação.

Mas para nós, para todos nós os dirigentes da Revolução, para todos os combatentes da Revolução, é um motivo de profunda satisfação o juízo do povo, a forma em que o povo julga os fatos e a forma em que o povo julga, não aquilo que nós estamos fazendo, mas o que estamos fazendo todos: o povo e nós!  (APLAUSOS.)

É que a Revolução, a Revolução não é a obra de um homem nem de um grupo de homens. A Revolução é a obra de um povo. E isto que estamos fazendo hoje em nossa pátria, bem ou mal, melhor ou pior (EXCLAMAÇÕES DE: “Melhor!”), é a obra de um povo, é a obra de todos nós (APLAUSOS).

Que existe um Governo Revolucionário?! E por que há um Governo Revolucionário? (EXCLAMAÇÕES). É que, por acaso, nós saímos dos quartéis? (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”) É que nós éramos “gorilas” que demos um golpe de Estado (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”), e que um dia nos revoltamos com as armas da república para derrubar um governo constitucional? (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”) É que nós estamos no poder porque saímos comprar votos pela república toda? (EXCLAMAÇÕES DE:  “Não!”) É que, por acaso, nós estamos no poder porque temos uma maquinaria política? (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”).

E então, por que há um Governo Revolucionário no poder? E como poderia ter chegado ao poder esse Governo Revolucionário sem o povo? E como teria podido resistir e manter o poder esse Governo Revolucionário sem o povo?  (EXCLAMAÇÕES E APLAUSOS.)

Há uma coisa, há uma coisa que têm as revoluções e é o que ensinam, o que se aprende nas revoluções, o que temos aprendido nós e o que poderiam aprender muitos com nossa experiência.

E alguns perguntarão como se sustenta o Governo Revolucionário. Nossos inimigos, nossos detratores, os que incessantemente e por todos os meios caluniam a Revolução, não bastaria para explicar por que existe o poder revolucionário em Cuba, apesar do ódio dos imperialistas (EXCLAMAÇÕES DE: “Porque o poder é do povo!”) Porque o poder é do povo! Como tem respondido um homem do povo (APLAUSOS). Porque o poder é a força do povo! Porque o poder são as armas do povo! (APLAUSOS).

Qual a explicação que poderão dar aos ingênuos, aos crentes? E imaginarão pessoas cheias de medo, imaginarão pessoas cheias de pânico.

Não nego que há pessoas com medo (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”) Sim!  (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”) Sim! (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”) Sim! (EXCLAMAÇÕES). Se me deixam explicar-lhes, se me deixam explicar, vocês verão como acabamos concordando (EXCLAMAÇÕES). Diga-me, os ‘gusanos’ (contrarrevolucionários= N. do Trad.) não têm medo? (EXCLAMAÇÕES DE:  “Sim!”) Ah, já percebem! Isso é o que eu queria dizer (EXCLAMAÇÕES).

Quem são os que têm direito a ter medo? (EXCLAMAÇÕES DE: “Os ‘gusanos’!”) Os agentes da CIA (EXCLAMAÇÕES DE: “Sim!”), os exploradores (EXCLAMAÇÕES DE: “Sim!”), os inimigos da Revolução (EXCLAMAÇÕES DE: “Sim!”), têm medo, sim. E que culpa temos nós que eles tenham medo?

E é claro que quando o país teve que travar uma luta de vida ou morte contra o imperialismo ianque; quando o país teve que se defender de muitas ameaças; quando o país tem visto morrer dezenas de filhos como os que morreram quando da criminal sabotagem de “La Coubre”; quando o país tem escutado a notícia de um professor assassinado, de um alfabetizador assassinado; quando o país teve que escutar a notícia de uma usina destruída, de operários que têm perdido sua vida em atos de sabotagem; quando o país lembra a batalha de Girón, quando lembra as mulheres e crianças assassinadas pelos bombardeiros ianques com insígnias cubanas; quando o país lembra os filhos da classe operária e dos camponeses que deram sua vida, que perderam sua vida nas mãos da contrarrevolução, na luta contra os bandos contrarrevolucionários armados pela CIA, quando compreendem isso, é lógico que fique indignado e é lógico que não vai tratar com mãos de seda a seus inimigos (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”).

E, naturalmente, os que quiseram tirar ao povo seus direitos, os que quiseram tirar ao povo a justiça, os que apoiados a partir do estrangeiro, apoiados pelos inimigos da pátria, quiseram voltar a estabelecer aqui o regime miserável de exploração que tinha, e para isso estão dispostos a assassinar e matar, aqueles que pedem a intervenção do país e a invasão do país, aqueles que pedem um banho de sangue para o país, não podem esperar que os tratemos com mãos de seda (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!” E DE: “'Paredón, paredón!” (Fuzilamento= N. do Trad.).

E, claro, nós não negamos isso, que para os inimigos do povo não há direitos, para os inimigos do povo não há segurança, para os inimigos da Revolução não pode haver felicidade em meio da Revolução (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”).

É claro que se essa minoria de privilegiados e de exploradores não tivesse contado com o estímulo e o apoio dos governos norte-americanos, não teria aberto nem a boca, porque não se teria atrevido nunca a desafiar a vontade e o destino do povo, nunca teria ousado desafiar o povo, mas eles ficaram com muitas ilusões, ficaram cheios de esperanças e pensaram que isto era questão de uns dias. No começo pensaram que era questão de uns dias, depois pensaram que era questão de uns meses, e depois parece que pensaram que é questão de uns anos, mas parece que vai ser questão de uns séculos, como dizia alguém (APLAUSOS).

É claro que a Revolução estabeleceu suas leis e julga e castiga de acordo a essas leis. Os homens da Revolução não torturam, os homens da Revolução não assassinam, os homens da Revolução fazem leis, e de acordo com essas leis, julgam e sancionam e, além do mais, assumimos perante a história a responsabilidade pelos nossos atos (APLAUSOS).

E bem pode dizer-se que esta Revolução tem sido mais bem generosa, que esta Revolução tão caluniada por seus inimigos imperialistas e pelos reacionários não teve nada de crueldade, e que possivelmente, se se leva em conta a circunstância em que tivemos que defender-nos, a Revolução poderia ser acusada de qualquer coisa menos de ter sido cruel. Porque, eis o exemplo daqueles mercenários que nos invadiram pela Baía dos Porcos, aqueles traidores desalmados. Agora já apareceram os livros e os documentos e os escritos em que fica provado de tal maneira que já ninguém discute isso, que eram reles agentes contratados pela CIA, pagos pela CIA e lançados pela CIA contra sua pátria; miseráveis traidores que recebiam salários de uma potência estrangeira. E penso que em qualquer parte do mundo, ainda sem revolução, a pena que se aplica a esse pessoal é a pena capital (APLAUSOS).

E ninguém pode dizer, ninguém! — porque fizemos mais de 1.000 prisioneros — e ninguém pode dizer que receberam nem uma bofetada, ninguém pode dizer que foi assassinado um só deles e, inclusive, quais foram sentenciados com as penas mais severas? Os Calviño e companhia, os que tinham uns quantos assassinatos em suas consciências e, além do mais, tinham vindo na invasão. E os demais bem mereciam a pena que se aplica a este tipo de pessoal em qualquer canto do mundo.

Por que não o fez a Revolução? Simplesmente porque não era necessário; os tínhamos esmagado, não era necessário. A Revolução aplica o castigo como uma questão vital, como uma necessidade vital, porque nesta luta à morte entre o povo e seus inimigos, se alguém há de morrer, que morram primeiramente os inimigos do povo (APLAUSOS).

Mas este princípio, esta lei das revoluções não se aplica, a não ser que haja um problema ou uma necessidade vital para a Revolução. Quem assassinar professores não pode pensar em escapar, quem assassinar alfabetizadores, quem assassinar operários, camponeses, administradores, aqueles que querem destruir a riqueza do povo não podem aspirar a escapar. E a Revolução tem que aplicar-lhes um castigo exemplar.

Aqueles que se alugam à CIA não podem pensar em escapar, porque a Revolução não pode ter mão de seda com todos esses senhores, e têm que saber que é o que lhes espera. Por quê? Porque o povo tem que defender-se.  E, por isso, os que não têm a consciência tranquila, os inimigos do povo, nesta Revolução — como em qualquer revolução que tenha havido até hoje — não podem sentir-se tranquilos.

E não é o mesmo, não é o mesmo lutar contra os opressores, lutar contra os exploradores, do que lutar a favor dos opressores e a favor dos exploradores. E essa é a diferença que há entre ontem e hoje. Ontem lutávamos contra os inimigos do povo, contra os exploradores do povo, por isso contávamos com o povo. Hoje lutamos a partir do poder também contra os mesmos, contra os inimigos do povo, contra os exploradores do povo, por isso hoje, tal como ontem, contamos com o povo (APLAUSOS).

E esse é o fenômeno que custa trabalho entender a os que não sabem o que é uma Revolução. E o que é uma Revolução não é preciso dizê-lo aqui, porque vocês sabem perfeitamente bem. E, sem irmos mais longe, o que é uma Revolução se demonstra nesta mesma província, onde faz apenas nove meses um devastador furacão causou enormes estragos, uma província que foi virtualmente devastada pelo furacão; e à parte das muito dolorosas perdas de vidas, se perderam enormes recursos, grandes perdas materiais tiveram também lugar; todas as comunicações por rodovias, por caminhos, por ferrovias, foram praticamente destruídas. E, contudo, agora neste dia 26 de julho, nove meses depois, ninguém poderia achar uma prova de que por aqui passou aquele furacão. Em questão de semanas todas as rodovias foram reconstruídas, tal como as ferrovias.

Os inimigos da Revolução no estrangeiro estavam jubilosos, diziam: “Já, já se arruinou a Revolução!” (ESCUTA-SE UMA VOZ: “O povo trabalha!”) É isso, o povo trabalha (APLAUSOS), o povo trabalha, como disse esse trabalhador, o povo tem reconstruído tudo. Não ficou nenhuma vítima desamparada, não ficou uma única criança órfã, não ficou uma única família arruinada.

Se esse furacão tivesse ocorrido nos tempos passados, o que teria sido desta província de Oriente? Se não fosse pelo esforço de nosso Partido, que evacuou dezenas e dezenas de milhares de pessoas dos lugares de perigo, quantas vidas se teriam perdido nesta província? Se não fosse pelo esforço extraordinário de nossas Forças Armadas, e especialmente de nossos pilotos, quantas crianças e quantos idosos e quantas pessoas teriam perecido de fome e de doenças? Se não fosse pelo esforço que realizou o Ministério da Saúde Pública, quantas epidemias não se teriam desatado? E se não fosse pelo esforço de nosso Ministério da Construção, se as coisas se tivessem feito ao ritmo do passado, ainda estariam incomunicadas as rodovias. E então teriam começado a aparecer uns créditos para danificados do furacão, e os políticos os teriam metido no bolso. Isso me lembrou agora um homem do povo, quando disse que “se teriam tornado milionários” (APLAUSOS). E é preciso averiguar quantos se tornaram milionários aqui na província (EXCLAMAÇÕES DE: “Ninguém!”), quantos membros de nosso Partido, quantos dirigentes de nosso Partido aqui na província, que secretário de qualquer comitê, que presidente da JUCEI (Junta Central de Execução e Implementação= N. do Trad.) tem aberto uma conta no banco (EXCLAMAÇÕES DE: “Nenhum!”). Possivelmente se lhes registram os bolsos não encontrarão nem sequer um tostão (APLAUSOS).

Isso é que é a Revolução.

As famílias tiveram os créditos perdoados, aqueles camponeses aos que lhes foram perdoados os créditos, segundo o dano que lhes fez o furacão, a qual deles foi pedido o voto? (EXCLAMAÇÕES DE: “A nenhum!”) E a quais das famílias que foram assistidas nos hospitais lhe pediram um compromisso?  (EXCLAMAÇÕES DE: “A nenhuma!”) E a qual família das que teve seu lar reconstruído lhe pediram o voto? (EXCLAMAÇÕES DE: “A nenhuma!”) E o povo sabe bem disso.

Essa é a diferença entre ontem e hoje, essa é a diferença entre a politicagem corrompida e corruptora e a Revolução! (APLAUSOS.)

E quem sabe disso melhor que vocês?

Quem é que era eleito aqui representante? Quem era eleito aqui senador?  Era o cortador de cana? (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”) O operário de obras públicas? (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”) O camponês humilde? (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”) Se revermos todos os livros da história de Cuba, não achamos um único caso de um camponês, de um só operário — exceto naqueles casos em que surgiam das fileiras operárias em um partido operário, (e essa é a única exceção que podemos fazer, e se se quer algumas outras exceções, mas muito poucas, mas muito poucas) — não víamos o caso de um genuíno operário, de um genuíno camponês na Câmera dos Representantes.

Em todos aqueles partidos burgueses, a quem víamos na Câmera e no Senado? A quem? Aqui há muitos entre vocês que têm, por exemplo, 40 anos, devem ter vivido, pelo menos, 25 anos assistindo os acontecimentos da política. Quem era eleito senador? Quem? (EXCLAMAÇÕES DE: “Os ricos, os exploradores!”) Os latifundiários, os milionários ou os advogados dos monopólios e das grandes indústrias, os ricos, os exploradores. Que governo do povo era aquele? Há algum entre vocês que pense realmente que alguma vez o povo teve um governo seu? (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”) E que tinha?  (EXCLAMAÇÕES DE: “Gatunos!”) Tinha safados, gatunos, que roubavam até o dinheiro da refeição dos doentes nos hospitais. E quando um homem ou mulher do povo ia a um hospital, lhe pediam a cédula eleitoral, e quando tinha que dar um remédio caro morria. E há muitos casos de doentes que tinham que receber um tratamento contra o tétano e morriam se não tinham dinheiro para pagar os remédios. E os doentes dormiam no chão.

E quem tinha oportunidade de estudar? (EXCLAMAÇÕES DE: “Os ricos!”) Que oportunidade tinha de estudar uma criança nas montanhas? (EXCLAMAÇÕES DE: “Nenhuma!”) Que oportunidade tinha de estudar uma criança nos campos; que oportunidade tinha o filho de um operário, de um camponês de frequentar um instituto ou de ir a uma universidade? Que sistema miserável era aquele!  Sistema de privilégios, de gatunos e para privilegiados.

Realmente, quase, quase que eu não teria que parar-me aqui e falar a esta multidão. Porque qualquer um de vocês pode se parar aqui e dizer as mesmas coisas, e ainda quase seria melhor que as dissessem vocês (APLAUSOS).

E, afinal, realmente nós aqui, aqui hoje temos muitos visitantes, como sempre, de todos os lados. No começo, os atos eram para falar ao povo, hoje em parte também se reúne o povo e se fala ao povo. Porém, principalmente, os atos agora são para que raciocinemos e meditemos entre o povo e nós, e para que falemos a nossos visitantes (APLAUSOS).

E o que nós queremos — porque nós aqui não nos vamos convencer de nada, nós estamos convencidos — é que nossas experiências, que o fenômeno de nossa Revolução seja compreendido; nós queremos ajudar a que o fenômeno desta Revolução seja compreendido.

Naturalmente, vou dizer algumas coisas ao povo porque sempre há alguns temas de atualidade dos que é preciso tratar (EXCLAMAÇÕES DE: “Os problemas da OEA!”). Os problemas da OEA, o problema da Base e todos esses problemas (APLAUSOS). O problema das declarações públicas que fizemos a um jornalista norte-americano. Quer dizer que há problemas que tratar.

Problemas de ordem interna? Bem, eu penso que vocês melhor que ninguém sabe o esforço que se está fazendo; vocês sabem (EXCLAMAÇÕES DE: “Sim!”). E sabem que se não se faz mais, não é porque não queiramos fazer mais, porque eu não sei onde está o vadio aqui no Governo Revolucionário que não quer fazer mais. E realmente vocês sabem que quando não se faz mais é porque não se pode (APLAUSOS).

Mas não ficamos satisfeitos com isso, estamos inventando para ver como podemos fazer mais. Nós sabemos os problemas que existem, as coisas que mais pede o povo, o povo pede casas, por exemplo, é uma das coisas que mais pede. Então nós temos que começar a inventar como vamos resolver esse problema, como alargamos nossa capacidade de produção de cimento e dos materiais para resolver esse problema; como pomos o povo a fazer casas.  Porque nós temos visto que muitas pessoas dizem: “Se tivéssemos os materiais fazíamos uma casa” (EXCLAMAÇÕES).

Porque, logicamente, os operários de Obras Públicas... Se transferimos mais operários da cana para trabalharem nas Obras Públicas não poderemos cortar a cana; se os transferimos da agricultura para esse trabalho, não poderemos desenvolver a economia; porém, além do mais, muitos operários estão construindo rodovias, muitos estão construindo fábricas. E o número de casas que podemos construir não nos dá, nem é suficiente o número de operários, nem são suficientes os materiais.

O que é que temos que fazer? Desenvolver a indústria de materiais de construção e, então, além das casas que se constroem todos os anos pelo Ministério e as casas que se vão construir em Santiago, todos os anos, com a fábrica de casas que nos enviou a União Soviética (APLAUSOS), agora temos uma fábrica de fazer casas e que construirá de 1,5 mil a 1,7 mil casas. Se tivéssemos 30 fábricas dessas poderíamos construir umas 40 mil a 45 mil casas, e caso tivéssemos 50, faríamos 70 mil ou 80 mil casas. Nós não teremos 50 fábricas de fazer casas até dentro de seis, sete ou oito anos, porque se nos dedicamos nada mais a comprar fábricas de fazer casas, então não poderíamos comprar petróleo, equipamentos, farinha para o pão, matérias primas para a indústria; quer dizer que não podemos comprar 70 fábricas e dizer: vamos resolver o problema das casas, porque na economia os problemas não se podem resolver assim. Iremos comprando fábricas de casas; chegará o dia em que com muito poucos operários possamos fazer 50 mil ou 100 mil casas todos os anos, mas agora nem temos as fábricas, nem temos os materiais. Há uma solução intermédia: podemos ir desenvolvendo a indústria de materiais, as fábricas de cimento, as pedreiras para obter pedra e fazer blocos, tal como essas duas casinhas que estão em exibição que são muito bonitas, e produzir os materiais de maneira que com a participação do povo, dando os materiais o vendendo os materiais, segundo o caso, ou dando facilidades para que paguem, poder dispor desses materiais para que muitas famílias façam suas casas (APLAUSOS).

Nós sabemos, em geral, quais são nossas necessidades de todo o tipo. E como não nos conformamos simplesmente com dizer: não há mais porque não podemos, nos dedicamos a pensar e a tentar achar e inventar a maneira de poder fazer mais. E penso que já se pode perceber como em muitos sentidos se está fazendo mais. Por exemplo, temos o problema das rodovias na província de Oriente: se estão construindo 800 quilômetros de rodovias na província de Oriente, 800 quilômetros de rodovias (APLAUSOS). Inclusive, a rodovia a Baracoa, que demorou quase décadas sendo construída, os companheiros pensam terminá-la para os primeiros meses do próximo ano (APLAUSOS); essa rodovia que demorou 20 anos para ser construída, de Mayarí a Sagua, demorou 20 anos sendo construída, e penso que os companheiros estão muito pertinho de lá, já estão chegando; a rodovia de Mayarí Arriba está terminada; a rodovia de Cueto-Santiago de Cuba se está fazendo; a rodovia de Las Tunas a Bayamo está muito avançada também; a rodovia de Niquero-Pilón, o aterro está muito avançado também; depois está a rodovia ao longo da costa sul de Santiago a Pilón, onde também estão avançando os trabalhos.

Realmente, quando esse plano de rodovias esteja findo, quando esse plano esteja acabado, praticamente todas as regiões da província de Oriente estarão comunicadas (APLAUSOS). Santiago de Cuba, por exemplo, sempre tinha carência de água, nunca acabava de resolver o problema da água, e já, contudo, a barragem de Gilbert no Cauto em breve estará pronta também, para o ano que vem suponho que já estará fornecendo água à cidade (APLAUSOS).

Algo semelhante acontecia com a eletricidade e, contudo, vocês sabem perfeitamente bem quão adiantada está a termoelétrica Renté (APLAUSOS). O plano hidráulico, para que não mais ocorra o do furacão de outubro, para que não se perca mais de um milhar de vidas, para que as famílias que moram nessa região possam viver tranquilas e seguras, está avançando também; a barragem Paso Malo está muito avançada; a barragem do rio Contramaestre começou nestes dias; as obras hidráulicas de Camazán começaram também nestes dias. E os equipamentos para todas essas obras estão chegando a Cuba, e no ano que vem um grande número de barragens estará sendo construído (APLAUSOS). Essa água servirá para fornecer água fresca não só aos povoados mas também às indústrias, porque sem água e sem eletricidade será que podíamos construir alguma usina aqui em Santiago, a não ser que puséssemos a trabalhar um mulo para movimentar as máquinas.

Quer dizer, que se queremos ter desenvolvimento industrial necessitamos eletricidade, necessitamos água; por isso, além do mais, teremos água para a indústria. E então esta província se desenvolverá extraordinariamente.

Vocês sabem, por exemplo, o serviço de hospitais: que já o hospital de Bayamo está sendo concluído, o hospital “Lenin” está muito avançado, e pensamos inaugurá-lo para o dia do aniversário de Lenin, a princípios do próximo ano (APLAUSOS); vocês sabem que as obras da cidade escolar “Camilo Cienfuegos” estão muito avançadas; vocês sabem que já, praticamente, não há recanto das montanhas que não tenha professor, vocês sabem que 20 mil filhas de camponeses estão estudando e milhares delas têm recebido bolsas (APLAUSOS); vocês sabem que em Minas de Frío ingressaram cerca de 6 mil jovens para estudar para professores; vocês sabem que, inclusive, se está desenvolvendo um plano de escolas internas nas montanhas; vocês sabem quantos hospitais há já em todas as regiões de nossos campos, e quantos médicos há, e que é muito difícil que morra alguma criança, alguma pessoa sem ter o médico e sem ter os remédios (APLAUSOS). E o camponês sabe que agora não tem que ir vender o leitãozinho para ir ao médico, que não tem que ir vender as galinhas para comprar uma receita na farmácia; o camponês sabe tudo isso, o povo sabe tudo isso, o magnífico serviço educacional que há, o magnífico serviço médico que há, o magnífico sistema de comunicações por rodovias que estamos fazendo, o magnífico sistema de obras hidráulicas e, sobretudo, o seguinte: e é como a Revolução se propõe desenvolver o interior do país.

Porque antes todas as usinas eram construídas na capital, tudo se fazia na capital; e tanto cresceu nossa capital, tanto cresceu, que até para achar água para tomar banho é um problema hoje em dia. Temos chegado à conclusão de que, em primeiro lugar, a capital não deve continuar crescendo, uma cidade tão grande em uma zona estreita da Ilha; segundo, que não é justo que os empreendimentos principais se façam na capital (APLAUSOS).

O que tem feito a Revolução? Há dois dias, o companheiro Ministro das Indústrias inaugurou uma usina de geladeiras, de panelas de pressão, cozinhas, a INPUD. Onde? Na cidade de Santa Clara (APLAUSOS). E todas as usinas que vocês percebem que estão sendo inauguradas, estão situadas, fundamentalmente, no interior da República.

É preciso desenvolver o país, é preciso desenvolver nossos campos: É preciso desenvolver Cuba! E Cuba não é só a capital (APLAUSOS). Temos uma bela capital, uma grande capital; mas a capital sozinha não é Cuba. É preciso desenvolver o interior de Cuba, porque o interior de Cuba é uma parte, é a maior parte de Cuba. E, sobretudo, é preciso desenvolver estas províncias orientais: Oriente, Camagüey, Las Villas (APLAUSOS). Desta província sai a maior parte de nossos recursos; sai a cana e sai o açúcar com os quais obtemos nossas divisas. É preciso desenvolver, portanto, estas províncias que não tinham nem rodovias, e é preciso encher de comunicações estas províncias, é preciso encher de indústrias estas províncias (APLAUSOS). E, naturalmente, é preciso preparar muitos técnicos destas províncias. Muitos possivelmente tenham que ir estudar para Havana, mas não para ficar vivendo em Havana, mas para retornar depois para o interior de Cuba. É claro que isso requer que as condições de vida nos povoados e nas cidades do interior e em nossos campos, não tenham nada que invejar às condições de vida da capital (APLAUSOS).

(UMA VOZ DIZ: “E o povo de Manzanillo?)

O povo de Manzanillo? Mas o povo de Manzanillo não se pode queixar muito (RISOS), porque se têm feito muitas coisas ali; o sistema de esgotos, a cidade pesqueira, inúmeras ruas, o estádio; eu penso que Manzanillo não tem ficado muito atrás, não. Agora que, pois é, em Manzanillo tal como em Holguín, em Guantánamo, em Mayarí, em Victoria de las Tunas, em todos os lados, são necessárias muitas coisas ainda, e estou falando precisamente disso.

(OUTRA VOZ DIZ: “E para Yateras?”)

E para Yateras? Bem, não vamos discutir isso agora aqui, porque não poderemos tratar as demais questões que vocês queriam que tratássemos. É preciso discutir isso com os companheiros do Partido (APLAUSOS), para ver quais são as necessidades. E não pensem que nós as ignoramos; não pensem que nós as ignoramos.

Mas, afinal, do que eu queria falar é do princípio de que o interior do país tem que se desenvolver. É preciso congelar a capital; não se podem construir mais usinas na capital, é preciso manter as que temos (APLAUSOS). Isto não quer dizer que, às vezes, sempre será preciso fazer algum empreendimento, porque o requeiram as próprias indústrias instaladas ali, mas os empreendimentos serão feitos, fundamentalmente, no interior do país.

Outra coisa que quero dizer: bem, vocês sabem que estamos com uma política de discrição açucareira e não quero falar muito disso; porém, mais ou menos vocês sabem como anda a cana por aí, e não o digam a ninguém (RISOS E APLAUSOS). Estamos tentando dar um pequeño impulso à cana e também dar um impulso à pecuária. É necessário dá-lo porque há muitos rapazes nascendo por aí (RISOS), e necessitam leite e necessitam sapatos e necessitam carne.  Vamos dar um impulso à pecuária e, em geral, vamos dar um forte impulso à agricultura.

(UMA VOZ DIZ: “E o café?”)

O café? Bem, o que temos que fazer é recolher o café (EXCLAMAÇÕES DE: “Bravo!” E APLAUSOS) Sabem por quê? Vou dizer-lhes, vou dizer-lhes uma coisa: Quanto vale todo o café que há nas montanhas? Todo o café que se produz em Cuba vale 30 milhões de pesos. Quantos milhares de famílias vivem produzindo esses 30 milhões? Quer dizer, o café tem um inconveniente e é que não se pode mecanizar. Como é que mecanizamos a colheita do café?  (EXCLAMAÇÕES DE: “Com a mão!”) Com a mão, mas não é o mesmo do que a cana, que com uma colheitadeira se faz o trabalho de 30 ou 40 homens. Um homem em uma colheitadeira faz o trabalho de 40 homens; em um campo uma cortadora de grama faz o trabalho de 40 ou 50 homens e a mecanização é o que nos pode permitir elevar a produtividade do trabalho. No café temos o problema de que não podemos mecanizá-lo. Já o temos plantado? Pois então é preciso colhê-lo. E é o café que temos agora. E naturalmente, enquanto houver café, recolheremos café; mas no dia em que possamos mudar o açúcar pelo café, é melhor produzir açúcar e com ela comprar café. Isso se entende perfeitamente bem (APLAUSOS).

Por que o café está nas montanhas? É que acaso o café não se dá na planície? Sim, o café se dá na planície, mas os que plantaram café eram os camponeses que estavam sem trabalho, aos que o latifúndio açucareiro jogou para as montanhas; foram morar nas montanhas e lá começaram a plantar café, e por isso o café está nas montanhas. Isso foi o resultado de um processo, de um processo histórico. Nós conhecemos algumas coisas das montanhas porque fomos moradores das montanhas durante 25 meses, e sabemos como é que chegava o camponês, desmatava, tudo isso...  Bem, nós sabemos isso de cor, há muitos camponeses aqui que sabem essa história (EXCLAMAÇÕES).

Mas nós vamos dar impulso ao açúcar, à pecuária, ao fumo. O fumo tem uma vantagem, que se pode mecanizar também a cultura do fumo. E o café vamos mantê-lo; e naturalmente, o camponês que queira continuar plantando café, que o plante, naturalmente. Por ora, temos que depender do café que produzimos. Então o que temos que fazer com os cafezais é mantê-los, podá-los, fertilizá-los e aplicar-lhes um pouco de técnica para produzir um pouco mais de café e, além do mais, recolhê-lo. Mas, quero dizer com isto que o desenvolvimento da economia não vai depender do café, o desenvolvimento da economia na agricultura vai depender principalmente do açúcar e da pecuária.

Ora bem, estamos trabalhando muito intensamente nesse sentido. Como vocês sabem, todas estas coisas requerem de investimentos. Atualmente, por exemplo, aumenta a produção de leite, e temos que importar cântaras para o leite. Aumenta a produção de leite e precisamos de milhões de garrafas para servir esse leite. Torna-se necessário que a fábrica de garrafas aumente sua produção e é o que se está fazendo.

Com a produção de cervejas e de refrigerantes tem havido problemas?  (EXCLAMAÇÕES). Sim, tem havido problemas porque as fábricas que produzem garrafas estão ao topo da sua capacidade, não dão mais e então se estão ampliando essas fábricas e se estão montando novas máquinas para produzir garrafas.

A questão é a seguinte: há cinco anos e meio que a Revolução triunfou, temos avançado algo, temos passado por mil trabalhos, tivemos dificuldades; nos próximos cinco anos vamos avançar muito mais, mas ainda não vão desaparecer as dificuldades, vamos ter ainda alguns anos mais com dificuldades, vamos ter ainda alguns anos mais escassez. Sim, vamos ter, o dizemos a todos, dizemos isso aos nossos visitantes que ainda, durante quatro ou cinco anos mais teremos algumas dificuldades e teremos alguma escassez.  Mas isso não nos preocupa, não! Não nos deixaram um país rico, o imperialismo e o capitalismo não nos deixaram um país desenvolvido, nos deixaram um país pobre, subdesenvolvido, com uma economia muito atrasada, todo o trabalho se fazia à mão, o corte de cana à mão.

E quanto é que pode render um homem com um facão? A capina nos campos se fazia à mão, a construção se fazia à mão, tudo se fazia à mão; não existiam máquinas, não existia a técnica. Isso foi o que nosso país e nosso povo receberam. O mérito de nosso povo é que tendo recebido isso, em um breve período de tempo vai converter este país em um país rico, em um país com muita técnica, com muitas máquinas (APLAUSOS). Esse será o mérito, o grande mérito de nosso povo.

Que temos a caderneta (de racionamento= N. do Trad.)? Sim, isso mesmo, temos a caderneta, não negamos, porque se não tivéssemos a caderneta os que tinham mais dinheiro comiam e os que tinham menos não comiam (APLAUSOS). Que é que acontece no Brasil? No Brasil não há caderneta, mas quem tem de tudo? Os ricos! Sobem os preços muito, muito, muito, e quando custa dez pesos o quilo de carne eles a compram; o pobre não pode comprar.  Se não houvesse caderneta, muitos burgueses que ainda restam aqui, que têm dinheiro no banco... — e claro, não quer dizer que o fato de ter dinheiro no banco seja burguês, porque muitos trabalhadores já têm dinheiro no banco porque pouparam, naturalmente — (APLAUSOS). Mas, se não houvesse caderneta teria muitos aqui que poderiam comprar toda a carne que quiserem a cinco pesos, não é?

Então, eu vou dizer isto: há países na Europa onde a carne custa $3,20, a $3,40, a $3,60 o quilo. A esse preço aqui, pois não seria necessária a caderneta. Claro, temos a caderneta, e estamos muito contentes de nossa caderneta porque é uma necessidade nestes tempos, até que a produção se haja elevado ao nível de que não seja necessária a caderneta. A caderneta é uma necessidade e a temos. Nesses países não há caderneta, mas há fome; o pobre não pode comprar nada, e somente os ricos têm o dinheiro suficiente para comprar o que precisam.

Portanto, nós nem ocultamos nem nos envergonhamos por isso. Tenham um pouquinho de calma, e verão o que é o socialismo! Tenham um pouquinho de calma, e verão o que pode fazer um povo trabalhando! (APLAUSOS.) Quando tenhamos toda a agricultura mecanizada, quando tenhamos praticamente todo o número de máquinas que necessitamos e o número de técnicos que necessitamos e que os estamos formando: são os técnicos da Revolução, filhos do povo. E esses não partirão para o estrangeiro, porque seus pais são operários e são camponeses (APLAUSOS).

Não quiseram levar-nos os médicos e, inclusive, não levaram muitos médicos? E vejam se agora há mais médicos ou menos médicos! Quantos estão estudando medicina na universidade, quantos estão estudando para professores e quantos estudantes de engenharia temos e quantos operários, quantos institutos tecnológicos temos? Um pouquinho de calma nada mais e verão o que é um povo trabalhando e verão o que é um povo progredindo, que os vamos deixar atrás por mil quilômetros! (APLAUSOS).

Porque, pessoal, que nós saibamos, o imperialismo não tem nenhum bloqueio econômico contra o Brasil, nem contra a Colômbia, nem contra a América Central, e estão mortos de fome sem bloqueio imperialista, e estão arruinados, e têm dívidas com todo mundo! Essa é a situação do Brasil, da América Central, de todos esses países.

E nós, bloqueados como estamos pelos imperialistas, com o bloqueio econômico em cima, e aqui come todo mundo sem exceção! (APLAUSOS.) E os serviços médicos, os serviços educativos, todos esses serviços se quintuplicaram e vamos avançando; sem dúvida de que vamos para frente, e já veremos!

Um pouquinho de calma. E não quer dizer que não tenhamos problemas ainda, teremos quatro o cinco anos ainda com alguns problemas, mas já veremos, já veremos, porque temos um país de grandes recursos naturais e temos um povo que — vou dizer com uma expressão popular — é um povo que está pronto para vencer (APLAUSOS PROLONGADOS).

Eu vou ver quais as esperanças que os burgueses têm de vir recuperar aqui seus privilégios, os latifundiários e os monopólios ianques; eu vou ver quais as esperanças que tem a United Fruit Company, a Miranda Sugar Company e todas essas “companies” de voltar aqui e explorar de novo nossos trabalhadores (EXCLAMAÇÕES E APLAUSOS); vou ver se são capazes de estabelecer aqui o ‘tempo morto’ outra vez, e se vão estabelecer o analfabetismo outra vez, e se vão estabelecer o desemprego e a fome outra vez em nossos campos. Eu quero saber como vão se arrumar com isso. E eu vou ver como vão tirar o direito aos filhos dos operários e dos camponeses a estudar nos institutos e de estudar nas universidades; e vou ver como vão tirar o direito às famílias humildes deste país a receber uma atenção esmerada nos hospitais. Vou ver como podem fazer isso outra vez.

E vou ver como podem trazer-nos outra vez aqui os esbirros com sua repressão batendo as pessoas com facões, quero ver mesmo. Porque o que vamos ter em nossos campos, em vez de desemprego, chegará o dia em que tenhamos não só tratores, mas até tratores com ar condicionado! (APLAUSOS.) Chegará o dia, porque chegará um dia em que se diga: bem, já temos tratores, aqui todo o trabalho se faz com máquinas, mas faz muito calor.  E então diremos: será preciso pôr um ventilador ao trator, e chegará o dia em que até poremos um ar condicionado! E chegará um dia em que faremos a maior parte das construções de casas com máquinas também. E a máquina libera o homem dos trabalhos duros.

Os burgueses falam de suas liberdades. Qual liberdade? A liberdade dos nove meses com fome? A liberdade de vender o voto? A liberdade de ter que comprometer toda a família para que pusessem uma injeção ao filho em um hospital, e trabalhar como uma besta quando tem trabalho? Essas são as liberdades de que falam os burgueses: a liberdade de ter uma gangue de malfeitores armados até os dentes dando surras ao povo; essas são as liberdades dos burgueses. As liberdades de que falam os burgueses são a liberdade de ser analfabetos, a liberdade de ser discriminados, como era uma boa parte de nossa população, nossa população negra.

Mas temos as liberdades que o povo conheceu na Revolução: a liberdade de estudar, a liberdade de viver digna e decorosamente, a liberdade de ser considerada uma pessoa e não um animal, a liberdade de não ser explorado como uma besta (APLAUSOS), o direito a ir a uma praia ou a um restaurante, embora seja negro — que não é nenhuma infâmia, porque esta pátria teve homens negros e brancos igualmente ilustres e igualmente dignos, sem discriminação de nenhuma classe (APLAUSOS) — o direito a trabalhar, o direito a desenvolver as riquezas do país, o direito a não ser golpeado, nem maltratado, o direito a participar nos destinos de sua pátria, o direito a pegar uma arma para defendê-la e para defender junto com a pátria todos os demais direitos (APLAUSOS). O verdadeiro conceito da liberdade, o verdadeiro conceito da dignidade, o verdadeiro conceito do direito, que é o que a Revolução trouxe a nosso país.

E daí o ódio, daí o ódio de nossos inimigos, de nossos inimigos impotentes, que pensavam que de um sopro nos iam varrer do mapa, e acontece que, após cinco anos e meio de Revolução, quase não se pode divisar os limites desta multidão que há aqui reunida.

E seria preciso perguntar: Como vão destruir isto, como vão destruir isto?  Como? (EXCLAMAÇÕES.) Como pode ser destruído o Pico Turquino?  (EXCLAMAÇÕES.) Não podem destruir isso com nada, com nada mesmo! E isto está muito bem assegurado, nem matando ninguém, nem fazendo atentados; pois eu vivo mais tranquilo que o diabo, nem me preocupo. Porque não vão destruir isto... De que maneira! Nem Mandrake o mágico! (RISOS E EXCLAMAÇÕES). E essa é a segurança que o povo sente.

Então, estão sofrendo e estão enraivecidos.

Bem: agora sobre a política internacional.

Recentemente um jornalista norte-americano me fez uma entrevista; quis entrevistar-me, e eu lhe digo: “Sim, pois é, vamos conversar.” E estivemos falando umas 18 horas.

Bem: interessavam a ele muitas questões; nem todas ele as conseguiu publicar. Porque não pensem que ali tudo pode ser publicado. Por exemplo, Mr. Matthews, que é um jornalista norte-americano de muita reputação, em uma ocasião fez uma visita a Cuba, redigiu suas impressões e não as deixaram publicar no jornal, no “The New York Times”, que é um dos jornais de maior reputação nos Estados Unidos.

E este era um jornalista do “The New York Times”, e como queira que o “The New York Times” é um jornal de reputação, nós aceitamos dar uma entrevista, e nos fez uma série de perguntas de todos os tipos — vocês sabem como são os jornalistas, os jornalistas perguntam muito; e alguns deles são muito hábeis perguntando. E nos expôs o problema sobre as relações de Cuba e os Estados Unidos.

Eu lhe falei com muita franqueza, porque ser franco é melhor que nenhuma outra coisa. Para que vamos andar com contos? E lhe disse: “Veja, a verdade é que nenhum dos dois países, nem os Estados Unidos nem nós, fizemos grande coisa para evitar que as coisas chegassem a este ponto”. Fui franco nisso.

Então, continuou fazendo uma série de perguntas de todos os tipos, e eu ratificando-lhe qual tem sido a posição de Cuba. Expliquei-lhe — entre outras coisas — minha opinião de por que o povo norte-americano era incapaz de compreender muitos dos problemas atuais. O povo norte-americano não teve os problemas que tiveram muitos povos da Europa, as dificuldades que tiveram outros povos; tinha se acostumado a uma maneira simplista de analisar os problemas.

Mas em uma das questões ele me faz esta pergunta, diz: “e a questão da ajuda de Cuba ao movimento revolucionário na América Latina pode ser negociada?” Bem: eu imaginei que a pergunta se referia a essa ajuda que dizem que nós damos aos movimentos revolucionários na América Latina, e não disse nem sim nem não. Quer dizer, eu não disse se ajudávamos ou não ajudávamos; limitei-me a responder sua pergunta. E lhe disse: “Veja, a ajuda aos movimentos revolucionários não pode ser negociada, não pode ser negociada” — disse-lhe (APLAUSOS). “Se você me faz outra pergunta, quer dizer, se você me pergunta se nós somos um país capaz de viver ajustado às normas internacionais, eu então lhe diria que sim; nós não vamos negociar com a solidariedade, não. Isso não seria próprio de revolucionários; e se nós alguma vez damos alguma ajuda, ou dêssemos alguma ajuda, não o faríamos para negociar a base dessa ajuda, não.”

Mas eu lhe disse bem claramente, e esclareço isto porque o jornalista foi bastante veraz, eu diria que foi mais veraz que o que costumam ser os jornalistas ao transmitir o que a gente disse. Mas, naturalmente, a coisa esteve algo mais precisada do que apareceu na entrevista. E eu lhe disse: “Se você me pergunta se nós somos um país capaz de viver ajustado a normas de respeito internacional, eu lhe diria que sim. Mas esta já é outra questão.”  Então, o jornalista — que era um jornalista sagaz — me disse: “Isso quer dizer — viver ajustados a normas internacionais — que se não se intrometem nos assuntos de Cuba, Cuba respeitaria também a política interna de cada país?” Disse: “Sim, nós compreendemos a necessidade de que os povos, os Estados vivam ajustados a normas internacionais”.

Ele me perguntou: “Isso quer dizer que se Cuba envia armas a um país para ajudar o movimento revolucionário e esse país não envia armas a Cuba para ajudar a contrarrevolução e esse país não viola as normas internacionais com respeito a Cuba, Cuba ao enviar as armas estaria violando as normas?” Digo-lhe: “Sim, se Cuba envia armas a um país que respeita nossa soberania, que não se intromete em nossos assuntos internos e que não dá armas à contrarrevolução, então nós estaríamos violando a norma”.

Então, ele fez outra pergunta e diz: “e se o senhor dá dinheiro a um movimento revolucionário?” Digo-lhe: “Depende para o que seja o dinheiro; se, por exemplo, é o dinheiro que dão os norte-americanos àqueles que partiram daqui para que comam, não nos importa; isso não seria uma violação da norma”.

Mas ele teima e me diz: “Não, facilitar ajuda econômica, financiar um movimento revolucionário.” Então, eu lhe respondi igual: “Se Cuba ajuda financeiramente um movimento revolucionário em um país que não se intrometa nos problemas de Cuba, que respeite a soberania de Cuba e que não financie um movimento contrarrevolucionário, então nós estaríamos violando essa norma”. Essa foi minha resposta.

Depois, publicaram uma manchete que dizia: “Cuba está disposta a negociar a ajuda que dá ao movimento revolucionário”. E a questão não foi exposta assim, nem pode ser exposta assim.

Nós simpatizamos com todos os movimentos revolucionários, onde quer que estejam os movimentos revolucionários. Porém, nós compreendemos que é necessário que a mesma existência das nações e dos Estados imponha a existência de normas de relações entre os Estados, independentemente de seu sistema social.

Se se quer que haja paz, se se quer que as nações vivam civilizadamente, se torna necessário que as nações vivam submetidas a normas do direito internacional. É uma necessidade, não importa o quanto grande seja nossa simpatia para as revoluções. As realidades do mundo, a existência real e objetiva de mais de cem Estados no mundo torna indispensável que os Estados vivam sujeitos a normas de conduta internacional. Portanto, essas normas são de imperiosa necessidade, essas normas existem e é a única forma de que exista o respeito entre as nações e exista a paz. Esse é nosso pensamento sincero, nosso pensamento revolucionário.

O que não achamos é que as normas internacionais sejam aplicáveis só a uma das partes e não sejam obrigatórias para as demais partes. Em duas palavras: se nós desejamos ajudar a um movimento revolucionário nos vemos limitados pelas normas internacionais que existem, quer dizer, não temos direito a intrometer-nos nos assuntos internos de outro país, não temos direito a intrometer-nos em seus assuntos internos.

Ora bem: a norma é um empecilho para que nós os revolucionários possamos ajudar os revolucionários. Nós gostaríamos de enviar-lhes armas, nós gostaríamos de enviar-lhes recursos. Mas, o que nos impede? Impede-nos isso as normas que devem existir entre as nações, o respeito à política de soberania e ao princípio de autodeterminação de cada país.

Ora bem: falando claramente, se um Estado em suas relações conosco não se ajusta a normas, se um Estado em suas relações conosco se intromete em nossos assuntos internos, então não existirá o empecilho de uma norma para que nós, da nossa parte, ajudemos com todos os recursos ao nosso alcance o movimento revolucionário nesse país (APLAUSOS). Esta é uma política clara e uma política de princípios, uma política clara e uma política de princípios!

E se Cuba não é respeitada, os países que se intrometem nos assuntos internos de Cuba e promovem a contrarrevolução não têm nenhum direito a queixar-se de que nós ajudemos a Revolução nesses países (APLAUSOS).  Nós pensamos que essa é uma coisa clara e uma coisa elementar.

E, como vocês sabem, a Organização dos Estados Americanos, esse lixo, esse Ministério de Colônias Ianques, tem-se reunido para julgar e sancionar Cuba, sob a acusação de que Cuba tinha enviado um carregamento de armas aos revolucionários venezuelanos.

Dos relatórios que nós possuimos podemos assegurar — eles dizem que havia armas de fabricação belga, cubanas — o que nós podemos assegurar das informações que possuímos, de fontes muito fidedignas é que havia bazucas e morteiros de fabricação norte-americana, de fabricação norte-americana! E que em nenhum momento foram adquiridas por Cuba. Então, como se explica que esses morteiros e essas bazucas possam estar ali, nas costas da Venezuela? Se dizem que nós as mandamos teriam que começar por reconhecer que eles as mandaram então primeiro aqui, não? (APLAUSOS.)

Isto não quer dizer que nós estejamos dizendo que as mandamos. Nós não temos que render nenhuma conta à OEA, e nós não temos que prestar nenhuma conta aos imperialistas ianques (APLAUSOS), e nós não temos que prestar nenhuma conta àqueles que não nos têm prestado conta a nós pelos milhares de armas que têm introduzido aqui no país (APLAUSOS).

Ora bem, não é isso que estamos discutindo; que seja a história a responsável por esclarecer essas questões. Quando a nós os da OEA, no papel de juíz, nos mandaram um papelinho aqui pedindo-nos explicações, nós lhes dissemos: “Vão para o diabo, nós não temos que dar nenhuma explicação a vocês” (APLAUSOS E EXCLAMAÇÕES).

Ora bem, senhores: reuniu-se o chanceler dos Estados Unidos, os chanceleres da Nicarágua, da Guatemala, da Costa Rica, da Venezuela, quer dizer, os países que têm estado promovendo a subversão em nosso país, a contrarrevolução, que descaradamente, que abertamente, têm estado utilizando seus territórios e têm estado treinando mercenários e lhes deram bases e os armaram para realizar invasões, ataques piratas, lançamento de armas; porque para nos sancionarem pela acusação de enviar armas à Venezuela teriam primeiro que sancionar setenta vezes o governo dos Estados Unidos (APLAUSOS), e teriam que sancionar, primeiramente, setenta vezes os governos da Nicarágua e da Guatemala onde foi organizada a expedição da Baía dos Porcos e de onde vieram todos os inúmeros carregamentos de armas, e teriam que condenar o governo da Venezuela que financiou a contrarrevolução e tem dado armas à contrarrevolução.

Acaso esses senhores têm moral para julgar e sancionar Cuba? Reuniram-se com grande aspavento, muito escândalo, muitas informações para cá e para lá, para julgar Cuba e aplicar sanções a Cuba. Nenhum acontecimento mais cínico, nenhum acontecimento mais desvergonhado. E depois de estar uma série de dias reunidos tomaram decisões (ALGUÉM DO PUBLICA EXCLAMA: “E quem vai pôr o dedo na ferida?”) Esse é o lado mau, o dedo na ferida (APLAUSOS).

Então, que ocorreu ali? Pois um grupo de países, liderados pelos Estados Unidos, impôs ali seu critério, seus pontos de vista. Já todo mundo sabia o que ia fazer o governo da Nicarágua, o governo de Honduras, o governo de El Salvador, o governo da Venezuela, o governo da Colômbia, o governo do Brasil; não era surpresa para ninguém.

O que queriam os Estados Unidos? Que todas as nações da América Latina rompessem relações conosco. E adotaram o acordo do rompimento das relações diplomáticas e o rompimento das relações consulares. E aqui trago o acordo da Organização dos Estados Americanos.

O que é que dizem esses acordos?

“1.- Declarar que os atos verificados pela Comissão investigadora constituem uma agressão e uma intervenção por parte do governo de Cuba nos assuntos internos da Venezuela, o qual afeta todos os Estados membros.

“2.- Condenar energicamente o atual governo de Cuba por seus atos de agressão e intervenção contra a inviolabilidade territorial, a soberania e a independência política da Venezuela.”

Como se a Venezuela tivesse independência política!

“b), Que os governos dos Estados americanos interrompam todo seu intercâmbio comercial, direto ou indireto, com Cuba, à exceção dos alimentos, remédios e equipamentos médicos, que por razões humanitárias possam ser enviados a Cuba.”

Já vocês conhecem as razões “humanitárias” destes safados, já vocês as conhecem.

Quando ocorreu o furacão, na altura do furacão, Cuba quis testar estas razões “humanitárias” e resolveu adquirir determinados carregamentos de remédios e de alimentos para crianças nos Estados Unidos. E o governo dos Estados Unidos, acabando de tirar a máscara, proibiu as vendas de remédios e alimentos para crianças, apesar de que tinha dito sempre que “por razões humanitárias...”  Estas coisas se escrevem sempre por razões de hipocrísia; por razões não humanitárias, mas sim por razões puramente hipócritas.

“c) Que os governos dos Estados americanos interrompam todo transporte marítimo entre seus países e Cuba, à exceção do transporte necessário por razões de índole humanitária.

“4.- Dar faculdades ao Conselho da Organização dos Estados Americanos para que, mediante o voto afirmativo das duas terceiras partes de seus membros componentes, deixe sem efeito as medidas adotadas na presente resolução, a partir do momento em que o governo de Cuba tenha deixado de constituir um perigo para a paz e a segurança do continente.

“5.- Advertir ao governo de Cuba que, caso persistir...” (Escutem isto, isto faz com que qualquer pessoa fique arrepiada! Vocês verão) “Advertir ao governo de Cuba que, caso persistir na realização de atos que tenham características de agressão e intervenção contra um ou mais dos Estados membros da Organização, os Estados membros preservarão seus direitos essenciais dos Estados soberanos, mediante o uso da legítima defesa, em forma individual ou coletiva, a qual poderá chegar até o emprego da força armada” (Que medo!), “enquanto o órgão de consulta não adotar as medidas que garantam a paz e a segurança continentais.

“6.- Instar os Estados que não são membros da Organização dos Estados Americanos e aos quais animam os mesmos ideais do sistema interamericano, a que examinem a possibilidade de demonstrar sua solidariedade para conseguir com efetividade os propósitos desta resolução.

“7.- Instruir o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos para que transmita ao Conselho de Segurança das Nações Unidas o texto da presente resolução, de conformidade com o disposto no artigo 54º da Carta das Nações Unidas.”

Estes são os “flamantes” acordos da OEA.

Porém, como é que foram adotados esses acordos? Pelo voto unânime de todos os países? Não. Quem votou esses acordos? Vamos ver um por um, um por um!

Santo Domingo. Onde os gorilas deram um golpe de Estado e tiraram o democrata representativo Juan Bosch, acho que ele se chama assim, porque o outro era Pepín, o da Bacardí (RISOS). Um governo de gorilas.

O de Honduras. Um governo de gorilas.

O de El Salvador. Outro governo de outros gorilas.

O da Guatemala. Outro governo de outros gorilas.

O do Panamá, senhores!, o do Panamá, onde faz apenas uns meses foram assassinados dezenas de jovens pelos fuzileiros navais ianques, que dispararam criminalmente contra o povo.

O da Costa Rica. Que não é um governo de gorilas, mas é o que mais se parece, porque é tão lacaio como o mais lacaio de todos os gorilas.

O da Colômbia. Governo de oligarcas e de gorilas.

O do Brasil, onde teve lugar o último gorilaço.

O do Paraguai. Do gorila Stroessner.

E o do Peru, onde os gorilas estão com uma mão no alto para se esse governo que está aí, pseudodemocrático, se atreve a fazer uma coisa que eles não tenham ordenado, dar-lhe uma bofetada e jogá-lo da presidência.

E por último, quem iam ser os últimos? Venezuela, país onde têm assassinado centenas de jovens estudantes; país cujas riquezas de petróleo e de ferro estão nas mãos dos imperialistas ianques; país saqueado e explorado até a médula dos ossos. E além do mais, senhores, das razões que tem a Venezuela, há um governo na Venezuela fraco, eleito com 30% dos votos, votos obtidos da forma em que se obtinham aqui os votos antes da Revolução; um governo fraco e desmoralizado, assustado perante a força crescente do movimento revolucionário da Venezuela (APLAUSOS).

Que o Governo de Venezuela convoque o povo de Caracas, que convoque os estudantes, que convoque os trabalhadores e os camponeses, que lhes entregue fuzis, e perguntem depois quanto dura esse governo. A realidade é que é um governo assustado pela força crescente do movimento revolucionário, porque embora os imperialistas não falem disso, a realidade é que o movimento revolucionário dirigido pelas gloriosas Forças Armadas de Libertação Nacional da Venezuela (APLAUSOS) cresce, se torna cada vez mais forte, tem inúmeras bases guerrilheiras que não puderam ser esmagadas pelo governo pró-imperialista e corrupto que sucedeu ao igualmente pró-imperialista e corrupto governo de Betancourt.

E isso é o que há no fundo de tudo isto: Medo! Medo da Revolução, medo do povo da Venezuela, medo dos heróicos combatentes das Forças Armadas de Libertação Nacional! (APLAUSOS.)

E na hora deste Acordo da OEA, vamos responder com uma mensagem de saudação e alento aos heróicos revolucionários da Venezuela (APLAUSOS PROLONGADOS).

Hoje, neste dia 26 de julho, neste 26 de julho, comemorando o décimo primeiro aniversário do ataque ao Quartel Moncada, desde a heróica cidade de Santiago de Cuba, enviamos nossa saudação fraternal e calorosa aos bravos combatentes venezuelanos e lhes dizemos: Não esqueçam o exemplo de Cuba! (APLAUSOS.)

A decisão de lutar, a decisão de lutar nos deu o triunfo, a tenacidade na luta nos deu o triunfo, a perseverança na luta nos deu o triunfo. E em uma luta como a luta na que está empenhado o povo da Venezuela, é mais justo que nunca aquele provérbio de que “quem perseverar consegue triunfar” (APLAUSOS).

E os imperialistas não poderão esmagar o movimento revolucionário da Venezuela, como não puderam esmagar as camarilhas militaristas nosso movimento revolucionário. E isso é o que há no fundo de tudo isto. Da mesma maneira que o governo gorila da Guatemala não conseguiu esmagar os valentes guerrilheiros que nas montanhas daquele país lutam contra o governo pró-imperialista e explorador que ali impera (APLAUSOS).

Esse medo das revoluções é o que inspira os acordos da OEA. E os Estados Unidos, os Estados Unidos votando, senhores, julgando Cuba, sancionando Cuba por intervir nos assuntos internos de outros países, segundo a acusação; os Estados Unidos, que são os pais do intervencionismo; os Estados Unidos, que se intrometeram nos problemas internos de todos os países; os Estados Unidos, que estiveram durante cinco anos intervindo nos assuntos internos de Cuba; os Estados Unidos, cujos navios de guerra se situaram frente a Santo Domingo para impedir o triunfo da revolução do povo dominicano; os Estados Unidos, cujos soldados — faz apenas uns meses — massacraram o povo panamenho, votando sanções contra Cuba.

E que países não votaram essas sanções? Em primeiríssimo lugar, o México (APLAUSOS PROLONGADOS). Quer dizer, votaram contra as sanções:  México, Chile, Uruguai e a Bolívia (APLAUSOS PROLONGADOS). Quer dizer, quem se somou à manobra imperialista? Todos os governos gorilas do continente, os governos que representam as oligarquias feudais, os governos mais desprestigiados do continente, governos que são produto dos golpes de Estado militares; esses governos foram os que votaram essas sanções. E que governos não votaram essas sanções? Os governos da América Latina que têm a mais longa história de tradição democrática e constitucional: o México, Chile e o Uruguai. Três países conhecidos na América e conhecidos no mundo por sua tradição constitucional nos últimos 30 anos.

Vocês conhecem a história do Uruguai, do Chile e do México. Não são países socialistas, são países capitalistas; mas têm existido ali, há muitos anos, governos constitucionais, sem quarteladas, sem gorilas, sem golpes de Estado, e pode dizer-se desses três países que são os que possuem no mundo, nesse sentido, mais respeito e mais prestígio.

E o quarto país, Bolívia, onde há uns dez anos teve lugar a Revolução dos operários e dos camponeses. Esses quatro países que mantinham relações diplomáticas com Cuba votaram contra a medida e votaram contra as sanções.

Realmente impunham uma sanção nova, adotavam uma medida nova?  Não! Porque todos os países que votaram a favor das sanções, são países cujos governos, sob pressão do governo dos Estados Unidos, romperam relações diplomáticas e comerciais com Cuba. Mas existiam quatro nações que ressistiram às pressões, e que por mais pressões que realizasse o Departamento de Estado e o Governo dos Estados Unidos, se tinham negado a romper as relações diplomáticas com Cuba; também se tinha negado o Brasil, mas os imperialistas se encarregaram de resolver o problema com um golpe de Estado.

Contudo, no México, no Chile, na Bolívia, não era tão fácil dar um golpe de Estado, não lhes resultou possível impor a medida. E que é que fizeram?  Tomaram um acordo na OEA, um acordo fazendo uso da maioria mecânica que, por razões conhecidas por todos, os Estados Unidos têm no seio da OEA.

Quer dizer que, pelo acordo, pelo voto dos governos mais desprestigiados, dos governos mais reacionários, dos gorilas do continente, os Estados Unidos pretendem impor ao México, ao Chile, ao Uruguai e à Bolívia o rompimento das relações que se negaram a fazer durante mais de três anos de pressão norte-americana.

A posição desses países acaso obedece a que sejam países comunistas?  Não. É uma política de princípios e é uma política de respeito a eles próprios.

Temos o caso do México, que manteve a posição mais firme em sua oposição a este acordo injusto e ilegal, em oposição a este acordo cínico e desvergonhado; mas, que ocorre com o México? México é um país que se tem caracterizado por determinados princípios e determinadas normas, que aplicou de maneira consequente em sua política internacional. Mas o México é, além do mais, o país ao qual os Estados Unidos arrebataram mais da metade de seu território; México é o país que sofreu na própria carne e em seu sangue as garras do imperialismo. Jovens cadetes mexicanos imolaram-se lançando-se do Castelo de Chapultepec, envolvidos na bandeira mexicana, antes de se renderem às hordas invasoras norte-americanas (APLAUSOS).

O México teve sua revolução, sua revolução nacional libertadora. O México nacionalizou os poços de petróleo norte-americanos e o México manteve uma política de defesa de seus interesses nacionais. O México é um país de tradição em sua política internacional, e é preciso dizer com toda a justiça que tem sido consequente com essa política. México teve o valor de manter sua posição, porque nem o governo mexicano, nem os governos que votaram contra esses acordos, querem ser participantes e, além do mais, responsáveis por essa página ignominiosa que foi escrita na OEA.

E, com toda a sinceridade, nós entendemos que o atual presidente do México será registrado na história, tal como o grande presidente Lázaro Cárdenas, entre os bons e os grandes presidentes que teve o México (APLAUSOS).

Não sabemos quais serão as consequências destes acordos. Não sabemos.  Porque, de fato, esta é uma intervenção na política dos demais países; de fato, este acordo equivale a impor a um determinado número de nações o rompimento das relações diplomáticas com Cuba, rompimento ao qual se haviam negado frente a todas as pressões.

Qual é a nossa atitude? Querem deveras que exista a paz, querem deveras que existam as melhores relações entre os Estados deste continente? Então, que se tome um acordo não sancionando Cuba, mas sim condenando todos os atos de intervenção nos assuntos internos de outros países, por parte de todos os países, por parte de qualquer país neste continente.

Qual é nossa disposição? Nossa disposição é a mesma que temos mantido, é a mesma que eu já expresssei a vocês. Nossa posição é a disposição a viver em paz com todos os países, os Estados, deste continente, independentemente de seu sistema social. Nossa disposição é a de viver sob um sistema de normas internacionais, aplicável por igual e de cumprimento obrigatório por igual para todos os países.

Ao México, ao governo do México — que manteve a posição, quer dizer, a mais firme — nós podemos dizer que o governo do México nos inspira respeito, que com o governo do México estamos dispostos a conversar e a discutir. E com o governo do México estamos dispostos a comprometer-nos, a manter uma política submetida a normas, normas invioláveis de respeito à soberania de cada país, e de não intrometer-nos nos assuntos internos de nenhum país, se os demais países estão dispostos a viver da mesma forma, submetidos a normas internacionais e a normas de respeito à nossa soberania, se os demais países estão dispostos a ajustar-se às mesmas normas que nós (APLAUSOS).

Agora não sei o que farão. Não sei o que farão com o México, se o México não rompe relações com Cuba e que alegarão. Mas nós, da nossa parte, temos confiança no governo do México e fazemos esta declaração responsavelmente: com o governo do México estamos dispostos a falar, e com o governo do México estamos dispostos a discutir, e com o governo do México estamos dispostos a fazer compromissos (APLAUSOS). E se desejam também participar de uma verdadeira solução, com uma fórmula verdadeiramente sábia e sensata, podem participar os governos do Chile, do Uruguai e da Bolívia. Mas Cuba faz esta declaração com toda a sinceridade. Se o que querem é amedrontar-nos, ameaçar-nos com invasões, e impuser-nos-nos determinadas normas que não se cumprem para nós; se querem aplicar essa política contra Cuba, enquanto os Estados Unidos e os governos cúmplices que os acompanham nestas aventuras praticam uma política de ingerência e intervenção nos assuntos internos de Cuba, então vamos mal. Vão mal esses governos, e vai mal o governo dos Estados Unidos.

Na altura da minha entrevista com os jornalistas, o que é que disseram alguns escritores e comentaristas norte-americanos? Que Cuba falava assim porque a Revolução estava fraca, porque a Revolução estava em uma situação desesperada. É curioso! Quando há algumas semanas advertimos seriamente as consequências que podiam trazer as violações do espaço aéreo, quando temos falado com toda a energia ao governo dos Estados Unidos acerca das consequências que podem ter suas provocações, eles disseram que o Governo Revolucionário fala assim porque está em uma situação interna fraca, desesperada. E então, da mesma forma em que a Revolução, com toda a razão, fala em tom enérgico e adverte dos perigos que para a paz significam as provocações ianques; como quando fala defendendo uma posição a favor da paz, quando reitera a posição que teve e quando diz que está disposta a discutir, então eles dizem também que o fazemos porque estamos fracos e porque estamos desesperados. Sempre tiram a mesma conclusão, e além do mais, tiram a concusão errada.

Agora, que digam o que queiram. Nós temos uma declaração aqui, que temos redigido para propó-la ao povo como “Declaração de Santiago de Cuba”, em resposta à OEA (APLAUSOS PROLONGADOS).

Mas esses senhores não se limitaram a fazer uns acordos de sanção. São tão faltos de vergonha (EXCLAMAÇÕES E APLAUSOS) que subscreveram uma declaração que se chama “Declaração ao povo cubano. Leio-a? (EXCLAMAÇÕES DE: “Sim!”) Vou lê-la: a declaração ao povo cubano da OEA, pessoal, escutem bem! Diz:

“A Nona Reunião de Consulta de Ministros das Relações Exteriores para servir de órgão de consulta em aplicação do Tratado Interamericano de Assistência Recíproca, considerando”:

“Que segundo diz o preâmbulo da Carta da OEA, 'a missão histórica da América é oferecer ao homem uma terra de liberdade e um âmbito favorável para o desenvolvimento de sua personalidade, e a realização de suas justas aspirações'; e 'o sentido genuíno da solidariedade americana e a boa vizinhança e não pode ser outro que o de consolidar neste continente, dentro do âmbito das instituições democráticas, um regime de liberdade individual e de justiça social, fundado no respeito aos direitos essenciais do homem'.

“Que a dita Carta proclama também 'os direitos fundamentais da pessoa humana' e reafirma que 'a educação dos povos deve ser norteada à justiça, a liberdade e a paz'”.

“Que na Declaração de Santiago do Chile, aprovada pela Quinta Reunião de Consulta dos Ministros das Relações Exteriores e subscrita pelo atual governo cubano, proclamou-se que a fé dos povos da América” — o atual governo...

Bem, deve ser alguma dessas reuniões que houve ali. Que os direitos fundamentais? Sim, podemos aceitar isso. Que a educação dos povos deve ser norteada para a justiça? Sim, isso é o que nós temos estado fazendo, a liberdade e a paz, isso é o que temos estado fazendo! (APLAUSOS.)

“Aprovada pela Quinta Reunião de Consulta dos Ministros das Relações Exteriores e subscrita pelo atual governo cubano, proclamou-se que a fé dos povos da América no exercício efetivo da democracia representativa...”

E que mais democracia que esta? E que democracia mais representativa do que esta, sem cabos eleitorais e com centenas de milhares de homens e mulheres do povo discutindo aqui os problemas nacionais e internacionais?  (APLAUSOS.)

“...  é o melhor meio de promover seu progresso político e social, do mesmo modo que o desenvolvimento racial” — desenvolvimento racial? Não, deve ser social — “e intensivo da economia dos países americanos e a melhoria do nível de vida de seus povos, representam o melhor e mais sólido fundamento para estabelecer a prática do regime democrático e a estabilidade de suas instituições” — que isso é o que estamos fazendo, precisamente.

“Que a Nona Conferência Internacional Americana condenou os métodos de todo sistema que tente suprimir os direitos e as liberdades políticas e civis, especialmente a ação do comunismo internacional, ou de qualquer totalitarismo”.

“Que o atual governo de Cuba, ao se identificar com os princípios da ideologia marxista-leninista (APLAUSOS), estabeleceu um regime político, econômico e social alheio às tradições democráticas e cristãs da família das nações americanas.”

Um regime econômico e social alheio ao latifundismo, ao analfabetismo, ao desemprego, à fome, aos monopólios ianques, à repressão, à politiquice, ao saqueio do tesouro público, ao roubo, ao crime, à injustiça, ao privilégio!  (APLAUSOS.) Porque, que nós saibamos, essas são as tradições da maior parte dos países da América Latina.

Diz:  “e contrário aos princípios da organização jurídica em que alicerçam a segurança e a convivência pacifica dos povos do continente” — estes safados, que têm realizado dezenas de ataques piratas contra o país, que têm introduzido milhares de armas por avião e por navios e por todos os meios possíveis.

“e que a exclusão do atual governo de Cuba de sua participação no sistema interamericano, em virtude do disposto na Resolução VI da Oitava Reunião de Consulta dos Ministros das Relações Exteriores, jamais poderia significar a intenção de negar” — escutem bem — “jamais poderia significar a intenção de negar ao povo cubano o direito de ser restituído ao seio da comunidade dos povos americanos.

“Que os povos da América” — que os povos livres da América: Guatemala, Nicarágua, El Salvador, Honduras, Santo Domingo, Peru, Paraguai, Brasil, etecétera, etecétera — “que os povos livres da América estão convencidos de que o sistema interamericano oferece ao povo de Cuba condições inigualáveis para a realização de seus ideais de paz, liberdade e progresso social e econômico”.

“Que os povos que integram o sistema interamericano se solidarizam com o povo de Cuba” — que bom pessoal! Eh? — “em todos seus sofrimentos, perante a perda total de sua liberdade tanto no espiritual” — tanto no espiritual! — “quanto no social e econômico”. Portanto, nos estão dando o pêsame por termos perdido as correntes (APLAUSOS). “A privação de seus direitos humanos fundamentais...”  Temos privado ao povo do direito a morrer de fome!  “...as perseguições que está suportando e a destruição de uma ordem jurídica capaz de aperfeiçoar-se e que poderia manter sua estabilidade; e,

“Que, dentro desse espírito de solidariedade, os povos livres da América não podem nem devem permanecer indiferentes, alheios à sorte do nobre povo cubano oprimido por uma ditadura que nega as tradições cristãs e democráticas dos povos americanos, e, por conseguinte, expressa:

“1.- Sua profunda preocupação pela sorte do povo irmão de Cuba.

“2.- Sua alentadora esperança de que o povo cubano, fortalecido pela confiança na solidariedade dos demais povos e governos americanos, possa, por seu próprio esforço e em um futuro próximo, libertar-se da tirania do regime comunista que o oprime, e estabelecer no país um governo livremente eleito por vontade popular e que assegure o respeito dos direitos humanos fundamentais.

“3.- Sua firme convicção de que o fato de condenar energicamente a política de agressão e intervenção do atual governo cubano contra a Venezuela será acolhido pelo povo de Cuba como estímulo renovador de suas esperanças, de que chegue a reinar no país um clima de liberdade que ofereça aos cubanos um ambiente favorável para o desenvolvimento de sua personalidade e a realização de suas justas aspirações.”

Vocês poderão conceber nada mais descarado, nada mais cínico e nada mais desavergonhado? Quando eu lia estes acordos estava lembrando algumas coisas: lembrava, por exemplo, essa rodovia de Siboney onde estão os nomes dos 80 combatentes do Moncada assassinados pelos esbirros de Batista; lembrava que marchando por uma das ruas de Santiago nos deparamos com uma coluna de camponeses e alguns se aproximaram para cumprimentar-nos porque eram conhecidos nossos de Minas del Frío, de diferentes lugares e a nossa mente veio a recordação das coisas que ocorreram naquelas montanhas, e que os camponeses sabem, e lembravam as chacinas em Oro de Guisa, onde 40 camponeses foram criminalmente assassinados, onde uma família teve assassinados todos seus membros, exceto um rapaz, onde uma mãe teve todos os filhos assassinados; lembrava os 300 cidadãos da zona de Bueycito assassinados, os camponeses de Ojo del Toro, de Peladero, de Pilón, de tantos e tantos lugares, recordações ainda frescas em nossas memórias!

E quando Batista, servidor dos monopólios ianques, cujos soldados batiam com seus facões nas costas dos nossos trabalhadores agrícolas, para defender os interesses da United Fruit e companhia; e quando dezenas de infelizes e humildes pais de família, na Serra Maestra — como no “Natal sangrento” — caíam crivados pelas balas homicidas dos defensores da exploração e do privilégio, não houve uma palavra de alento para o povo de Cuba, não houve uma palavra de alento para as mães que perdiam seus filhos, não houve uma palavra de alento, não houve uma palavra de condenação para os criminosos, não houve uma palavra de condenação para os exploradores! E agora estes safados, quando o povo se libertou daqueles vícios, quando o povo e a Revolução constituem uma única coisa, quando o povo e o poder constituem uma única coisa, quando o povo em vez de ver guardas rurais armados ameaçando-o e intimidando-o, é ele — como povo armado — o braço que defende a pátria e o braço que defende a Revolução, estes senhores se apresentam aqui e têm a falta de vergonha de enviar esta mensagem ao povo de Cuba, ao povo armado de Cuba, ao povo revolucionário de Cuba.

Nós poderíamos dizer: deem armas aos operários e camponeses na América Latina e veremos quanto tempo duram os gorilas no poder. Que deem armas aos operários e aos camponeses na América Latina e verão quanto tempo duram os gorilas no poder! Que nós temos dado armas aos operários e camponeses, temos dado armas aos estudantes e essas armas são a força do poder revolucionário. E que venham os da OEA tirar os fuzis aos camponeses, e aos operários e aos estudantes (APLAUSOS), para dá-los aos esbirros e para dá-los aos assassinos! Que o povo suportou muito tudo isso, que o camponês suportou muito abuso e muita pancadaria, que o operário suportou muita injustiça, que os estudantes suportaram muitos golpes e que venham tirar os fuzis ao povo para dá-los aos esbirros, para dá-los aos mercenários!  Que venham tirar os fuzis ao povo... (UM COMPANHEIRO DO PÚBLICO EXCLAMA: “Que lhes vamos dar chumbo...!”) ...que lhes vamos dar chumbo, e de verdade, como diz este companheiro! (APLAUSOS).

O que estão fazendo? Um apelo à contrarrevolução. São safados mesmo: acusando Cuba de se intrometer nos assuntos internos e estão fazendo um apelo à contrarrevolução. Pois daqui mesmo, desta tribuna, nós falamos aos operários e aos camponeses que sofrem a opressão em todos estes países que votaram contra Cuba, aos operários e aos camponeses da Venezuela, do Brasil, do Paraguai, do Peru, da Colômbia, do Panamá, da Costa Rica, da Venezuela, da Nicarágua, de El Salvador, de Honduras, de Santo Domingo e lhes expresssamos também nossa fé, nossa certeza, que algum dia jogarão pela borda fora esses miseráveis gorilas; que algum dia, pela via pacífica ou pela violência, tomarão o poder e farão também ali a Revolução dos operários e dos camponeses e darão cabo dos monopólios ianques (APLAUSOS), e darão cabo da exploração do homem pelo homem.

E vejamos como termina isso, vejamos no fim dos anos quem tinha a razão: se eles ou nós, se os esbirros se apoderam de Cuba outra vez ou os esbirros são jogados pela borda fora, naqueles povos oprimidos da América Latina (APLAUSOS).

Contestando o apelo dos imperialistas à contrarrevolução, o apelo da Revolução Cubana à Revolução latino-americana (APLAUSOS PROLONGADOS). Apelo contra apelo! E veremos quem tem a razão; veremos de que lado está a história, se do lado deles ou do lado nosso; veremos se eles podem destruir a Revolução, o se os povos destroem a reação e o imperialismo. Veremos! Tempo terão para saber.

Há aqui outro apelo aos povos europeus para não comerciarem conosco. E, claro, os povos europeus sabem que os Estados Unidos desejam certos privilégios no comércio internacional, que os Estados Unidos desejam manter o monopólio do comércio na América Latina. Os povos da Europa sabem que quando um país como Cuba se libera da exploração e da dependência dos Estados Unidos, pode comerciar livremente com os demais países do mundo.

Antes nós tínhamos que vender à Europa, recolher dólares para pagar aos norte-americanos. Contudo, desde que triunfou a Revolução, nós podemos comerciar livremente com a Europa. E afinal, a Revolução Cubana tem sido um bom exemplo para a Europa.

O que tem demonstrado a Revolução Cubana? Que a Europa não tem nada a perder com as revoluções na América Latina, e que se os demais países da América Latina se liberam, como se liberou Cuba, esses países comerciarão com a Europa em um grau maior do que estão comerciando hoje (APLAUSOS).

É estúpido pensar que os países da Europa, aos quais os norte-americanos querem tirar os mercados; é estúpido pensar que os países da Europa, com os quais os norte-americanos concorrem no comércio com a América Latina, vão aceder a esta pretensão ridícula de que a Europa não comercie com Cuba. E além do mais, a influência dos Estados Unidos no mundo cada vez é menor e a Europa já não é a Europa de há 20 anos.

E em dias recentes o general Charles De Gaulle disse claramente ao governo dos Estados Unidos que já tinham passado aqueles tempos do pós-guerra em que os Estados Unidos, direta o indiretamente, dirigiam os assuntos da Europa (APLAUSOS).

Europa se libera. Nosso louvor ao general De Gaulle por essa declaração de independência frente aos Estados Unidos (APLAUSOS). E não lhes vou ocultar que nós estamos muito satisfeitos de que De Gaulle diga as verdades ao governo dos Estados Unidos.

Mas não é só a Europa. A África tem-se liberado em sua maior parte. E alguns países da Africa, como a Argélia, avançam hoje pelo caminho do socialismo (APLAUSOS). Na Argélia, como vocês sabem, há uma maioria religiosa maometana, mas têm dito que avançam pelo caminho do socialismo, e estão construindo o socialismo. Eles não têm dito que são marxista-leninistas, mas estão fazendo o socialismo, estão fazendo o mesmo que nós estamos fazendo aqui.

Quer dizer, que não só se liberam os povos do mundo, mas avançam também por caminhos similares ao de Cuba.

Libera-se a Ásia, e ali na Ásia os imperialistas ianques estão perdendo a guerra no Vietnã do Sul, e estão recebendo tamanha surra (APLAUSOS PROLONGADOS).

E na América Latina já os imperialistas não dominam segundo seu desejo os governos deste continente, porque há países que sabem adotar uma posição independente e uma política internacional própria.

Depois, será que nos importam esses acordos? Se eles tinham imposto já o rompimento das relações e do comércio, se eles não poderão impor o rompimento das relações comerciais aos demais países do mundo. Nós enfrentaremos esta situação.

Como vocês sabem, há nestes instantes certos problemas de política interna nos Estados Unidos. Inclusive, esses problemas de política interna se refletem em certos fatos.

Tal como explicou o companheiro Raúl, na altura da morte de nosso companheiro, o soldado Ramón López Peña, assassinado na Base Naval de Guantánamo, nos Estados Unidos a política se está... (EXCLAMAÇÕES DE:  “Comandante-em-chefe! Às ordens!”). Nos Estados Unidos as forças se estão polarizando em duas vertentes: os mais reacionários e os menos reacionários.  Bem poderia dizer-se que a política dos Estados Unidos se divide entre os maus e os piores.

Como vocês sabem, desde o dia 19 de abril começaram certo tipo de provocações extremamente graves: cruzar a linha divisória para ir ultrajar nossa bandeira, disparar contra um soldado e ferí-lo, disparar apenas duas semanas depois contra outros soldados e ferí-los, disparar em dias recentes contra outro soldado revolucionário e assassiná-lo. Frente a estes fatos temos dado grandes provas de moderação.

Nós sabemos que há por trás de tudo isto e Raúl o explicou. Nós não pensamos que o governo dos Estados Unidos esteja ordenando realizar essas provocações. Parece-nos uma coisa tão absurda, tão estúpida e tão ilógica, que não acreditamos nisso.

Em nossa opinião, há elementos na Base de Guantánamo, possivelmente o chefe, que é um gorilinha da pior espécie — porque puseram um chefe gorila, que diz que era da camarilha de McArthur — conhecidamente a favor da guerra, e este senhor, ao que parece, é responsável direto pelas graves provocações que se têm estado produzindo na Base.

Do nosso ponto de vista, o interesse desse senhor é que nós revidemos o fogo, matemos par de fuzileiros navais ianques, e utilizar isso na campanha eleitoral, como pasquim político, contra o próprio presidente Johnson.

Eu não penso, nem muito menos, que Johnson seja nenhum santo; mas, ao que parece, a extrema direita, que lhe disputa o poder nos Estados Unidos, está disposta a lançar mão de todos os meios, está disposta a provocar qualquer incidente e, naturalmente, nós não queremos fazer o jogo a essa extrema direita.

Bem: isso é claro, isso é lógico, isso é razoável, isso é inteligente, isso é correto. Mas, por acaso isso quer dizer que nós, por não querermos ajudar o senhor Goldwater tenhamos que suportar que estejam assassinando nossos homens na Base de Guantánamo? (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”) Não! Eu penso que não é só a Cuba a quem interessa este problema; este problema interessa também aos Estados Unidos e interessa ao próprio governo dos Estados Unidos.

E ainda que nós não pensemos que essas provocações sejam em virtude de ordens emanadas do governo dos Estados Unidos, pensamos que o governo dos Estados Unidos é responsável porque essas provocações não se evitem, porque se o governo dos Estados Unidos não quer ou não pode evitar essas provocações, bem poucas são as esperanças que podem restar à paz no mundo (APLAUSOS).

Acho que o mundo todo está interessado na paz. Nós examinamos os problemas de forma objetiva e realista. Entendemos que Goldwater seria o pior candidato, o mais perigoso presidente para os Estados Unidos e para o mundo. Essa não é a opinião nossa, essa opinião foi emitida pela imensa maioria dos homens e mulheres que pensam no mundo. Mas isto não quer dizer que nós tenhamos nenhum medo especial do senhor Goldwater. Afinal, estamos interessados na paz, mas não somos os únicos interessados na paz, e estamos dispostos a fazer sacrifícios pela paz, mas não estamos dispostos, em prol da paz, a converter-nos em mansos cordeiros que ponham sua cabeça no matadouro (APLAUSOS E EXCLAMAÇÕES).

E para nós surge um problema moral sério, um problema moral sério!, porque nós temos responsabilidades, às vezes muito grandes e nos deparamos com a situação de ter que tomar decisões muito sérias, e é muito difícil ir ali e sepultar um companheiro assassinado covardemente, e ter que dizer aos homens que tenham calma e ter que dizer aos homens que não façam uso das armas que têm em suas mãos para se defenderem (APLAUSOS).

E para nós é difícil ter que dizer àqueles homens: “estejam aí e deixem-se matar sem disparar um tiro”, porque essa filosofia de ovelha ao matadouro não é nem será nunca nossa filosofia (APLAUSOS PROLONGADOS).

E se se trata de ir à morte, se se trata de morrer, é muito mais nobre e é muito mais digno dizer: “Vamos morrer todos”, e não pôr homens ali para que os matem um por um (EXCLAMAÇÕES). Porque os povos vivem e os povos lutam e todos os cidadãos do país são irmãos. E não duvido que qualquer homem aqui esteja disposto a sacrificar-se por seu povo (EXCLAMAÇÕES E APLAUSOS), mas é difícil pedir aos homens: “fiquem parados ali, embora os assassinem”, pela paz, e que pela paz os estejam matando um por um ali. Se querem, que pela causa da paz matem a todos nós juntos (EXCLAMAÇÕES E APLAUSOS).

Os companheiros adotaram medidas, escavaram trincheras, retiraram os companheiros do batalhão e os puseram em posições bem entrincheiradas, mais protegidas, e eu posso assegurar-lhes que costou trabalho que os homens se metessem nas trincheras, porque por uma questão de honra, de dignidade e de hombridade, nossos homens não queriam entrar nas trincheiras (APLAUSOS).

E, naturalmente, eu não tenho a menor dúvida de que qualquer homem desses tem dez vezes mais valor do que qualquer um desses beberrões que a partir da Base estão disparando impunemente (APLAUSOS E EXCLAMAÇÕES). Contudo, nós, tentando preservar a paz, mais uma vez fomos prudentes, mas isso não quer dizer que haja garantias de que os incidentes não se repitam. Há zonas que estão mais próximas e há zonas onde, se eles querem, podem continuar disparando e podem continuar matando.

Isto representa para nós um problema muito sério, muito sério! Porque, deveras, que resulta muito doloroso ir sepultar um por um esses homens, ir dar o pêsame, um por um, às mães e que os homens tenham que submeter-se a tamanhas provas e suportar que, de uma maneira tão covarde e tão miserável os assassinem.

Temos interesse pela paz, mas esse interesse também deve demostrá-lo o governo dos Estados Unidos e os governos dos demais países. E ninguém terá direito a dizer que estamos permitindo que assassinem um por um nossos homens, em prol de preservar a paz (APLAUSOS E EXCLAMAÇÕES).

E nós consideramos que estes fatos, estes disparos, estes assassinatos, constituem uma flagrante violação dos acordos de outubro. Porque, que garantias são essas as que os imperialistas têm dado à integridade de Cuba, se a partir da Base começam a assassinar nossos homens? Que garantias significam para Cuba e que segurança significa isso para Cuba?

Não só tudo ficou assim, mas que, além do mais, agora têm adquirido o costume de ir assassinando um por um nossos soldados. Pois bem: orientais; cidadãos todos: sobre nossos ombros pesam graves responsabilidades e tentamos levar essas responsabilidades com sabedoria e com calma. É difícil analisar e meditar sobre as consequências que possa ter para nós um confronto com os imperialistas. Quem pode duvidar que nós estamos enamorados da obra da Revolução, quem pode duvidar que um dia como ontem, quando vimos já os “camilitos” (alunos das escolas militares= Nota do Trad.), que já não são “camilitos”, mas sim “camilotes”, ali reunidos em nosso estádio (APLAUSOS), quando vemos essa juventude, essa juventude que cresce e se desenvolve forte, saudável, revolucionária, quando vemos as magníficas perspectivas que tem por diante nosso povo, quem pode duvidar que desejamos evitar guerras, que desejamos evitar destruição e morte?

Como dirigentes do povo temos pela frente esses problemas. Mas junto a esse problema temos também a outra responsabilidade, a outra responsabilidade com nossos soldados, com esses homens que cuidam das fronteiras da pátria e acaso nós temos direito a dizer a esses homens que se deixem matar, que se deixem assassinar (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”). E esse é o sério problema que nós temos. E é por isso que nós pensamos que se os disparos contra nossos homens, se os assassinatos de nossos soldados continuarem, não será possível evitar um incidente sério e não será possível evitar a amarga necessidade de dar a ordem de revidar disparo por disparo (APLAUSOS PROLONGADOS E EXCLAMAÇÕES DE: “Venceremos; pin, pon, fora, abaixo Caimanera!” E OUTRAS CONSIGNAS REVOLUCIONÁRIAS).

Não penso que faremos nenhum serviço à paz, não penso que faremos nenhum serviço à paz deixando que matem nossos homens como ovelhas.  Porque essa é precisamente a tese de Goldwater, “é preciso golpear o comunismo e golpeá-lo duro”; essa é a tese de Goldwater. E se nós formos golpeados e nos golpeiam duro, vamos revidar o golpe e vamos devolver o golpe duro (APLAUSOS PROLONGADOS E EXCLAMAÇÕES DE: “Fidel, seguro, aos ianques bate mais duro!” E OUTRAS CONSIGNAS REVOLUCIONÁRIAS).

Tentando preservar a paz nós temos sido pacientes com os aviões U-2; tentando preservar a paz temos querido dar o tempo necessário e esgotar todas as vias necessárias para que os aviões U-2 parem de voar sobre nosso território. Mas não é o mesmo deixar passar um U-2 do que levar para o cemitério e sepultar um companheiro. Não é o mesmo. E não queremos que o senhor Goldwater seja eleito; mas se se trata de que para que o senhor Goldwater não seja eleito tenhamos que estar permitindo a morte de nossos companheiros, cada vez que queiram os fuzileiros ianques (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”), então tanto faz o senhor Goldwater do que Johnson! Se se trata que de todas as maneiras vão continuar assassinando nossos homens, para nós tanto faz “Joana ou sua irmã”! (APLAUSOS E EXCLAMAÇÕES.)

Nós temos convidado um grupo de jornalistas norte-americanos. Alguns têm perguntado por quê. Realmente, em primeiro lugar, como deferência com o povo norte-americano que é tão vilmente enganado, que é tão mal informado, e ao qual dizem tantas mentiras sobre a Revolução. E por isso, em primeiro lugar, temos convidado os jornalistas norte-americanos. Que venham, que andem sozinhos, que percorram a Ilha, que vasculhem até nas filas, se quiserem! Cuidando que não sejam atacados por alguma aranha. Quer dizer, que observem, que falem com o povo, e que falem com os contrarrevolucionários também, que falem com quem eles quiserem! Porque nós não temos que esconder nossos problemas, nossas dificuldades, das quais nos sentimos orgulhosos; porque, realmente, se não tivéssemos dificuldades que satisfação nós poderíamos sentir e que poderemos dizer daqui a dez anos, que soubemos enfrentar-nos ou não soubemos enfrentar-nos a elas. É natural que as gerações vindouras desfrutarão principalmente do esforço que estamos fazendo, mas nós teremos o orgulho de poder dizer-lhes: Temos feito tudo isto com a força da decisão, de sacrifícios e de fé!  (APLAUSOS.)

Embora, naturalmente, não sejam só as gerações vindouras, as próprias gerações presentes desfrutarão em alto grau do que estamos fazendo.

Ora bem: não temos nada que esconder, e além do mais para que pudessem ver as realidades e dissessem as verdades, aqueles que queiram escrever objetivamente. Para que vejam por que o povo está com a Revolução, em que alicerça o apoio do povo à Revolução; para que vejam que nós temos resolvido nossos problemas. E, entre outras coisas, que aqui não ocorre como em Nova York ou em Carolina do Sul ou em Miami, em todos esses lugares, onde o pessoal do Ku Klux Klan anda linchando outros norte-americanos por questões de cor da pele; e para que vejam como aqui não há problemas raciais. Que aqui tínhamos os problemas raciais que nos deixaram os imperialistas, porque aqui estavam os Ten-cents, as Sears, e todas essas lojas, que não davam emprego a moças negras, e em cujas repartições não trabalhavam os homens por questões da pele. E que a Revolução, quando pôs fim aos privilégios, também sem imposições, sem pressões, sem leis... Porque o problema da discriminação não é um problema de leis, já que aqui existia uma Constituição que dizia: “ ...declara-se ilegal e punível toda discriminação por motivo de raças, sexo...”  E aqui os homens e as mulheres eram discriminados por caua da raça; as mulheres eram discriminadas por motivo de sexo. Veio a Revolução, liquidou os privilégios e acabou aquela discriminação por motivo da raça ou por motivo do sexo.

E eu penso que é estimulante ver como aqui não andam gangues de brancos perseguindo os negros, e que aqui nas praias, em Trocha, nos cinemas, nos restaurantes, em todos os lados, como irmãos que somos, negros e brancos convivemos, negros e brancos vivemos com iguais direitos, negros e brancos estamos dispostos a dar nossa vida pela pátria (APLAUSOS).

E, além do mais, porque nós não somos os que temos posto restrições às viagens. A América do Norte, o país da democracia, da liberdade, não deixa que os estudantes venham a Cuba, não permite viajar a Cuba; não permite que viajem a Cuba; e não somos nós, nós deixamos sair — eles cortaram as linhas — e nós deixamos que viessem. E realmente o fizemos com toda sinceridade, convidamos os jornalistas para que viessem, que participassem destes atos, que estejam aqui os dias que queiram estar, que falem com quem queiram falar, e que informem como queiram informar; não vamos ficar furiosos, nem pensamos que vão falar a favor de nós, nem nada disso.  Mas, pelo menos, o povo norte-americano terá oportunidade de que seja informado de maneira objetiva.

E por isso temos convidado os jornalistas, estão aqui e esperamos que o povo os tenha tratado bem, porque este é um povo hospitaleiro, e este é um povo de muita dignidade, de muita honra, mas não é um povo que odeia (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”). E por que não é um povo que odeia? Porque só odeiam os povos frustrados. E este é um povo vencedor, este é um povo vitorioso, este é um povo sem ressentimentos e sem complexos (APLAUSOS), um povo sem ressentimentos, nem complexos, um povo cortês, um povo composto de cidadãos, quaisquer dos quais pode trabalhar no protocolo, porque é educado, cavalheiresco, decente; porque, além do mais, é cortês mas não deixa de ser valente.

E nós, gostaríamos de melhorar nossas relações com os Estados Unidos?  Nós, realmente, gostaríamos de melhorar as relações com todo mundo. Mas se torna vital para nós melhorar as relações com os Estados Unidos? Não. Estamos dispostos a fazer algum esforço para que as relações melhorem? Sim. Porque entendemos que a política que os Estados Unidos tiveram com relação a Cuba é uma política estúpida, é uma política cretina e nós realmente não temos por que acompanhar uma política estúpida e uma política idiota, não é nosso desejo (EXCLAMAÇÕES).

Se existem possibilidades melhoraremos nossas relações? Sim. Eu penso que Cuba ganha, creio que os Estados Unidos ganham, creio que o mundo todo se beneficia.

Porém, apesar de que essa é nossa maneira de pensar, devemos estar prontos para estar 20 anos, se for necessário, sem relações com os Estados Unidos, vinte anos! Se não precisamos deles para nada, já todo o dano que nos podiam fazer o fizeram. Deixaram-nos uma economia colonial de país subdesenvolvido, um grupo de usinas que trabalham à base de matérias primas, todo nosso transporte e todas nossas usinas com peças de reposição norte-americanas, proibiram as vendas, fizeram tudo. Vejam, melhor quando ponhamos uma usina aqui, a poremos soviética, inglesa, francesa, chinesa, de qualquer outro país onde não haja governos tão estúpidos (APLAUSOS E EXCLAMAÇÕES).

Já o dano maior que nos quiseram fazer o fizeram. Estabelecem relações conosco e nos vão vender uma usina e nós dizemos: Hum!, e se depois nos tiram as peças? Preferimos comerciar com os ingleses e com os franceses e com outros países que são mais prudentes.

Então, já fizeram o dano que nos podiam fazer, o têm feito. Gostaríamos de melhorar as relações com eles, mas se não querem, pessoal, podemos esperar 20 anos, 20 anos (EXCLAMAÇÕES). Não dependemos deles; de nosso trabalho dependemos. E vocês sabem qual é nosso grande aliado? O trabalho. Com trabalho resolvemos tudo, trabalhando duro e disciplinadamente.

Porque povo mais dedicado que este é difícil que possa haver, e homens mais teimosos que os homens deste país e os dirigentes revolucionários deste país, pode haver muitos, mas não mais (APLAUSOS). No aspecto da tenacidade, temos decisão e tenacidade suficientes para estar mais 20 anos sem relações com os Estados Unidos.

Contudo, isto não quer dizer que não estejamos dispostos a lutar pelo melhoramento dessas relações; e nós não sentimos nenhum complexo, nem nada disso. Se algum governo norte-americano diz agora: vamos lutar pelas relações com Cuba, são capazes de não votar nele. E aqui nós podemos expor essas coisas ao povo. Vejam a grande diferença: não dizemos mentiras, dizemos a verdade, somos francos, somos sinceros, somos honestos e consultamos a opinião do povo; mas temos a sorte de ter um povo que pensa, que não esteja educado com filmes do Tarzan, nem novelas do FBI. E não digo isso em detrimento do povo americano.

E eu me lembro que quando era um rapaz, assistia aos filmes de Tarzan. O que é que via? O homem branco sempre forte, o homem branco sempre inteligente, o homem branco perseguindo o negro, o negro sempre selvagem. Que mentalidade cria isso nas pessoas? Uma mentalidade com sentido racial, a ideia da superioridade racial do branco sobre o negro, desprezo ao negro. E assim, muitas das coisas com as quais se educa o povo norte-americano. Eu penso que o povo norte-americano, tal como qualquer outro povo, pode ser um grande povo, e o povo norte-americano tem muitos méritos, é um povo trabalhador, é um povo inteligente, mas tem a desgraça desse sistema social, que o que provoca ali é uma confusão danada.

E de liberdades? Quais são as liberdades ali que muito raras vezes aparece uma informação objetiva sobre o que acontece em Cuba? Sim, aqui há uma linha. Dizem-nos que aqui não há liberdade de imprensa. E é verdade. Aqui não há liberdade de imprensa burguesa. Os burgueses, os reacionários não têm aqui liberdade de imprensa. E há uma linha, uma linha da Revolução. E é claro, quando haja desaparecido o inimigo imperialista, e quando tenham desaparecido as classes exploradoras, então podemos dar-nos ao luxo, inclusive, de dissolver o Estado. Ninguém deve esquecer que na aspiração da filosofia comunista está, inclusive, o desaparecimento do Estado. Mas somos realistas, estamos em meio de uma luta, o Estado é necessário. Esse Estado que antes era instrumento dos latifundiários e dos monopólios, hoje é o instrumento dos trabalhadores. E esse exército que ontem era instrumento dos exploradores, hoje é o exército dos trabalhadores e dos camponeses, luta pelos trabalhadores e camponeses! (APLAUSOS.)

E, pois, esse é nosso Estado; o Estado é um instrumento. Ontem era instrumento de dominação dos exploradores e hoje é instrumento de dominação dos trabalhadores, dos operários e dos camponeses. Não andamos com tanta hipocrísia! E aqui nossa imprensa tem sua linha, quer dizer, defende a Revolução, combate a contrarrevolução; mas também ali nos Estados Unidos a imprensa tem sua linha: defende o status quo, defende o sistema social existente, e se ali alguém é comunista o encerram no cárcere, ou o expulsam do emprego sem consideração de nenhum tipo. Isso é o que fazem ali nesse “democratíssimo país”.

E, claro, nós lhes damos oportunidades para que escrevam objetivamente e informem objetivamente ao povo norte-americano. Tratamo-los com cortesia, e realmente lhes agradecemos por terem vindo a Cuba.

Foram publicadas algumas notícias onde se dizia ali que se o jornalista vinha, que não aceitasse nem uma xícara de café, porque se aceitava o convite seria considerado um agente do inimigo. Pessoal, isso é o cúmulo, isso é o cúmulo!  O que tem a ver a cortesia? Se nós convidamos a almoçar aqui um jornalista, como é que o vão declarar agente do inimigo, ó pessoal? Se um americano me convida almoçar, não me vou considerar por isso agente do inimigo, senhores. Que coisa tão ridícula e tão absurda!  É um monte de preconceitos, de complexos, de hipocrisia, de mentiras!  (EXCLAMAÇÕES).

De certeza preferimos ficar com isto que temos. Sem dúvida, sem dúvida. E, sobretudo, porque o que temos o vamos melhorar. Não estou fazendo um louvor do governo revolucionário, nem estou fazendo o elogio da nossa obra. Não. Estou defendendo-a; mas estamos conscientes de que temos muitas coisas que superar, e as iremos superando pouco a pouco.

Mas realmente podemos dizer que vamos bem. Pode-se repetir aquela frase famosa dos primeiros tempos da Revolução, e podemos dizer ao companheiro Camilo: Vamos bem, Camilo! (EXCLAMAÇÕES E APLAUSOS.) E podemos dizer aos nossos companheiros que morreram no Moncada e na Serra: Vamos bem, companheiros que morreram! (APLAUSOS.) Temos avançado algo desde então, temos avançado algo desde que iniciamos esta luta! E ontem, quando nós víamos desfilar nossa companhia de soldados e manobrar, podíamos ver o quanto tem crescido nossa força; e pensávamos: com uma só companhia tão bem treinada como esta, teríamos varrido o Moncada em poucos minutos. E temos muitas como essas.

E cresceu a Revolução, produto do esforço do povo, produto da união do povo, produto da união dos combatentes do Moncada, dos combatentes do Diretório, dos companheiros do antigo Partido Socialista Popular, dos companheiros que lutaram na luta clandestina e nas montanhas, porque a Revolução o que tem feito é unir e crescer; crescer em força, crescer em vigor, crescer em disciplina. E por isso estamos conscientes hoje da força que temos.  É impressionante a força da Revolução; é impressionante a disciplina da Revolução; é impressionante essa juventude que cresce, sobretudo essa juventude, seus filhos, camponeses e operários, que serão amanhã o povo da pátria! (APLAUSOS.) Um povo mais organizado, um povo mais capacitado tecnicamente, um povo capaz de fazer maiores coisas das coisas que hoje nós podemos fazer, apesar de nossas magníficas intenções e nossos grandes desejos.

Eles nos superarão. Mas nós estaremos orgulhosos disso, porque a história da pátria deve ser assim: Eles serão melhores que nós, e os que venham atrás deles, serão melhores que eles; e assim sucessivamente! E assim se cumprirá a história da pátria, a história que começou nas lutas por nossa independência.

O que é que nós temos feito? Continuar o esforço. O que é que temos feito? Continuar a luta, cumprir o programa da pátria, cumprir os destinos da nação. E nos sentimos otimistas, nos sentimos certos, nos sentimos confiantes, nos sentimos satisfeitos dessa formidável perspectiva que tem a pátria, boa!  Não importam os riscos, porque os riscos não nos importam; sabemos que correr esses riscos é o preço que temos que pagar por isto e, além do mais, porque sabemos aquilo que dizia José Martí: “Mais vale morrer em pé do que viver de joelhos”  (APLAUSOS) Enquanto vivamos em pé, bem! E se morrermos em pé, bem!  mas de joelhos não viveremos nunca! (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”).

E essa é nossa filosofia. Trabalhamos confiantes no porvir, estamos enamorados desse porvir; mas se por esse porvir temos que dar a vida, a damos tranquilos, porque o que não queremos de nenhuma maneira é o lixo do passado. Esse é o que não queremos. Não queremos essa lixeira (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”). E a isso não voltaremos jamais nenhum de nós.  Se nos cabe enfrentar provas grandes, as enfrentaremos; se nos cabe enfrentar riscos grandes, os enfrentaremos.

Faz 11 anos que a esta horas éramos um punhado de homens, dispersos pelas montanhas, e, contudo, o quê? Na vida temos aprendido a lutar em condições difíceis; na vida tivemos que enfrentar dificuldades grandes, e estamos conscientes de que nunca em nossa história, nenhum de nós os combatentes, nenhum de nós os dirigentes da Revolução, temos contado com mais força, temos contado com mais perspectiva. Nunca! Essa força que hoje se vê ao longo da Ilha, porque é preciso percorrer a Ilha, é preciso percorrer as províncias, é preciso chegar, sobretudo, a esta província de Oriente, berço da Revolução, berço das guerras pela independência (APLAUSOS), e berço da Revolução! Que não por isso alenta o sentimento de orgulho nem de superioridade sobre o resto da Ilha. Não. Porque nós todos somos um; nós todos somos um desde a Ponta de Maisí até o Cabo de San Antonio. Porque na Baía dos Porcos, combatendo contra os imperialistas, morreram muitos operários de nossa capital, de Las Villas, de Matanzas, de Pinar del Río, lutando contra os bandos mercenários, lutando nas horas de crise, todos ao longo da Ilha em sua trincheira e com seu fuzil lubrificado.

Mas dizia isso: que é preciso ver como cresce a força do país. E essas são duas ideias que neste dia 26 de Julho eu quero que fiquem bem gravadas na mente de nosso povo: Somos mais fortes, avançamos bem, mas ainda nos restam alguns anos de obstáculos, ainda nos restam alguns anos de sacrifício!  (EXCLAMAÇÕES.) Devemos ter isso muito presente e muito gravado. Mas marchamos vertiginosamente para frente, e marchamos melhor que nunca para frente (APLAUSOS).

E, por último, vou propor a vocês esta Declaração, em resposta à Declaração da OEA, e em nome do povo de Cuba. Diz assim:

“DECLARAÇÃO DE SANTIAGO DE CUBA” (APLAUSOS).

“O povo de Cuba, reunido com motivo da gloriosa data de 26 de Julho em Santiago de Cuba, declara:

“1. Que a Organização dos Estados Americanos carece por completo de moral e de direito para julgar e sancionar Cuba.

“2. Que os Estados Unidos, em cumplicidade com os governos da Guatemala, Nicarágua, Costa Rica, Venezuela, Porto Rico e outros, têm introduzido em Cuba milhares de armas e toneladas de explosivos para promover a subversão e o derrocamento do regime revolucionário.

“3. Que no território dos Estados Unidos, e no próprio exército desse país, bem como nos territórios da Nicarágua, Guatemala, Costa Rica e outros países da bacia do Caribe, se têm organizado e treinado milhares de mercenários que são empregados e ainda se empregam em atos de agressão contra Cuba.

“4. Que, como é conhecido por toda a opinião pública mundial, de bases situadas nesses países foi organizada a expedição pela Baía dos Porcos, que custou ao povo de Cuba mais de uma centena de vidas e enormes perdas materiais e que, a partir de bases situadas nesses países, levaram-se a cabo, impunemente, dezenas de ataques piratas por mar e aéreos, contra portos, centros de população e instalações econômicas de Cuba.

“5. Que a Agência Central de Inteligência do governo dos Estados Unidos tem introduzido no território nacional centenas de agentes especialmente treinados para realizar sabotagens e outros atos de vandalismo, como o assassinato de professores, de jovens alfabetizadores, de humildes operários e camponeses, em atos de feroz e brutal retaliação contra o povo revolucionário.

“6. Que a partir da Base Naval da Baía de Guantánamo, território de Cuba que ocupa pela força o governo dos Estados Unidos, fuzileiros navais têm realizado milhares de provocações contra nosso povo, chegando as mesmas a tal extremo de gravidade que nas últimas semanas dois soldados foram feridos e outro morto, em consequência dos disparos criminais e covardes que dali foram feitos.

“7. Que aviões militares dos Estados Unidos têm estado violando durante quase dois anos o espaço aéreo soberano de Cuba, em flagrante contravenção das normas mais elementares do Direito Internacional.

“8. Que constitui um ato cínico e sem precedentes que os vitimários se tornem juízes para julgar e sancionar o país vítima.

“9. Que o povo de Cuba rechaça por serem cínicas, descaradas e injustas, as sanções impostas.

“10. Que o povo de Cuba rechaça igualmente indignado a declaração formulada nessa reunião e que constitui um apelo desavergonhado à contrarrevolução.

“11. Que o povo de Cuba adverte, além do mais, que caso não pararem os ataques piratas que se realizam a partir do território norte-americano e outros países da bacia do Caribe, bem como o treino de mercenários para realizar atos de sabotagem contra a Revolução Cubana, bem como o envio de agentes, armas e explosivos ao território de Cuba, o povo de Cuba se considerará com o mesmo direito de ajudar com os recursos ao seu alcance os movimentos revolucionários (APLAUSOS) em todos aqueles países que pratiquem semelhante intromissão nos assuntos internos de nossa pátria”.

Quer dizer, o povo de Cuba se considerará com o mesmo direito de ajudar com os recursos ao seu alcance os movimentos revolucionários em todos aqueles países que pratiquem semelhante intromissão nos assuntos internos de nossa pátria.

“12. Que o povo de Cuba repudia as insolentes ameaças de agressão armada contidas nesse infame documento e adverte que não é o mesmo disparar à queima-roupa contra um povo desarmado, como ocorreu no Panamá, que invadir um povo armado e disposto a derramar, em defesa da pátria até a última gota do seu sangue (APLAUSOS). E reafirma o que disse o grande guerreiro de nossa independência, o general Antonio Maceo: “Quem tentar apoderar-se de Cuba recolherá o pó de seu solo alagado em sangue, caso não perecer na luta!” (APLAUSOS.)

E termina dizendo esta declaração: “Pátria ou Morte! Venceremos!” (EXCLAMAÇÕES DE: “Venceremos!”) assinado: “O povo de Cuba, em resposta à Declaração da OEA, Santiago de Cuba, 26 de Julho de 1964, 'Ano da Economia’.”

Portanto, esta é a Declaração, que submetemos à consideração do povo, para que seja promulgada (EXCLAMAÇÕES APROVATÓRIAS E APLAUSOS), como a Declaração de Santiago de Cuba, uma digna resposta a essa farsa, a essa comédia, a esse show, a essa manobra de nossos inimigos.

Orientais: Vivam os mártires da Revolução! (EXCLAMAÇÕES DE: “Vivam!”)

Vivam eternamente todos aqueles que têm dado a vida pela pátria! (EXCLAMAÇÕES DE: “Vivam!”)

Viva a Revolução Socialista! (EXCLAMAÇÕES DE: “Viva!”)

Viva o marxismo-leninismo! (EXCLAMAÇÕES DE: “Viva!”)

Pátria ou Morte!

Venceremos!

(EXCLAMAÇÕES DE: “Venceremos!” E DE: “Fidel, Fidel!”)

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